Entre as grandes lições que Jesus transmitiu a seus discípulos está
aquela que Ele compendiou nesta sentença: “Se alguém quer ser o
primeiro que ele seja o último de todos e o servidor de todos”, ou
seja, o maior é aquele que está a serviço dos irmãos (Mc 9, 30-37), Na
verdade, Ele quer que seu seguidor tenha a candura, a naturalidade, a
simplicidade de uma criança O maior diante dele não é aquele que tem
mais poder ou saber, nem mesmo o que tem mais riqueza ou importância
perante os homens. O maior é aquele que humildemente reconhece suas
falhas humanas e que tudo aquilo que possui lhe vem gratuitamente de
Deus e de cuja misericórdia ele tudo depende. Como então ensinou o
Mestre divino, a verdadeira grandeza é não se julgar superior aos
outros. Na família, na comunidade em que se vive a postura do
verdadeiro cristão é de serviço, de devotamento à felicidade de todos,
de gratuidade, não se julgando melhor que aqueles com os quais se
convive. Trata-se do serviço humilde e da humildade ativa, que permite
acolher seja quem for como um irmão ou irmã do divino Redentor. O
gesto profético de Jesus tomando uma criança do meio de seus
discípulos e a acolhendo em seus braços quis justamente sublinhar este
liame entre a humildade e a capacidade do acolhimento. Acolher alguém
em nome de Jesus é dar ao Filho de Deus um lugar na própria vida, na
obra de cada instante, pois o que se faz ao próximo é a Ele que se
faz. No pensamento de Jesus a criança é uma parábola viva. É recebida
sem se olhar se ela o merece, antes mesmo que ela pudesse merecer
alguma atenção, simplesmente porque ela tem necessidade de ser
protegida. Como registrou São Mateus foi taxativo o dito de Jesus: “O
que fizerdes ao menor de vossos irmãos foi a mim que o fizestes” (Mt
25,40), Uma mensagem bem forte para os discípulos que pensavam em
grandeza, prestígio, potência e poder.Com efeito eles inquiriam entre
si quem entre eles podia ocupar o primeiro lugar. Cada um sonhava ser
melhor que o outro. Antecipavam entre eles uma gloriosa promoção que
aguardava o principal entre os escolhidos pelo Mestre divino. Por
terem deixado tudo e O seguido. Já se julgavam mais importantes que
todas as outras pessoas e um deles deveria ser o preferido pelo Filho
de Deus. Entretanto eles tinham o espírito e a ideia infeccionada bem
longe do que na verdade Jesus pensava para Ele mesmo e para os doze.
Tratava-se de uma circunstância chocante, porque Jesus acabava de lhes
falar de sua Paixão e da grande perseguição que breve iria tombar
sobre Ele. Seus discípulos, porém, agiram como se nada entendessem do
discurso do Mestre. Era uma alocução difícil demais para eles. Jesus
falava uma coisa e eles entendiam outra bem diferente. Uma falta de
comunicação completa devido à carência de compreensão daqueles
interlocutores de Cristo. O pensamento de grandeza e de prestígio dos
apóstolos chocava com a realidade simples e modesta que os aguardava.
Eis aí porque cabia a Jesus dissipar as ilusões daqueles seus
seguidores. Cumpria trazê-los para uma justa perspectiva de um
engajamento com Ele que era manso e humilde de coração. Competia então
a Cristo fazer com que aqueles seus seguidores reformulassem seu ponto
de vista para entrarem na rota para o Reino de Deus, reino de
humildade e de serviço aos outros. Eis por que perante aqueles
sonhadores de honras humanas Jesus tomou uma criança, testemunhando à
mesma ternura, afeto, respeito, ostensivamente a abraçando com
carinho, afeto e respeito. Olhando aquela criança, Jesus como que se
via ele mesmo como num espelho. Fixemos ainda uma vez esta criança,
pequenina, simples. Para muitos um ser sem importância, sem poder, sem
qualquer magnificência humanamente atraente. O estado de alma de
Cristo era, porém, bem outro, pois seu coração, seu ideal, sua
perspectiva eram bem outra. O retrato falado de Jesus era alguém como
aquela criança em sua inocência, fragilidade, pobreza, mas irradiando
tantos valores admiráveis. Jesus quer que vejamos Deus na sua ternura,
sua humildade, na sua discreta presença. Aquele menino patenteava o
Bem amado do Pai. Assim, o Todo poderoso nos verá se possuirmos as
virtudes daquele criança. Portanto, a figura daquela menino que Jesus
acolhera perante seus altivos discípulos transmitia lições
preciosíssimas Cumpre, portanto ser manso e humilde coração como Jesus
e saber captar esta sua mensagem de que o maior é aquele oque ostenta
as virtudes de uma criança, pois somente assim seremos capazes de
poder de servi-lo na pessoa de nosso irmãos. É preciso reter o ensino
que Jesus transmitiu aos apóstolos para ser um servidor através de
todas as nossa ações, sem querer ser considerado o primeiro de todos.
Felizes aqueles que inclusive podem se engajar no serviço da Igreja
nas diversas oportunidades que o apostolado oferece e isto com muita
humildade no serviço aos outros. É bom que se lembre que o importante
é que o serviço não se mude em poder, buscando o reconhecimento dos
outros, querendo admiração pelo que se faça a bem dos irmãos e irmãs,
sem querer ser incensado pelo bem que se procurou fazer. Quem é
verdadeiramente humilde na seara do Senhor faz o que deve fazer o
melhor que se possa, deixando sempre a recompensa para Deus.
Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos