A ética Cristã

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Iluminadora a diretriz de Jesus: “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos” (Jo 14,15) Todos os valores da vida se acham não nas palavras, mas nas obras, na observância de tudo que está compendiado no Sermão da Montanha (Mt cap. 5-7).

A lei divina não é de essência jurídica, mas essa lei é amor. Não se trata de um mero conformismo, mas de uma submissão amorosa de todo o ser à única vontade do Senhor de tudo. A vida cristã, porém, seria impossível, sem incluir Deus a quem tudo é possível.

O ser humano não pode perseverar na prática do bem, se o dom da graça não o faz compreender que ele só será feliz nos caminhos do Evangelho. Isto como fruto da fé, da esperança e da dileção a Deus e ao próximo.

Os mais elevados cumes da moral cristã são acessíveis a todos que confiam em Cristo, pois sem Ele ninguém é forte, ninguém é santo e os esforços humanos em si nada são. É pedido ao cristão levar uma vida longe da vulgaridade de tudo que deturpa a nobreza de quem foi criado à imagem e semelhança de Deus, mas nunca a graça é negada a quem se dispõe a corresponder aos desígnios divinos. Entretanto quanto mais uma alma se eleva nas trilhas de Deus, tanto mais experimenta o sentimento de sua pequenez, porque Deus cresce a seus olhos infinitamente mais do que ela própria pode crescer. Torna-se mais humilde, dado que atinge a verdade por se conformar à própria Verdade eterna.

O cristão verdadeiro se define pela abnegação completa de si e da vontade própria, procurando se identificar com o Mestre divino como aconteceu com São Paulo: ”Já não sou eu quem vive é Cristo quem vive em mim”. Dá-se então a distinção entre o mundo da fé e o mundo do mundo. O primeiro deve impregnar os pensamentos, gestos, ações, não deixando que o segundo ocupe todos os espaços pessoais. Cumpre, portanto, que haja a apuração e subordinação completa a Deus de todas as potências ativas e passivas da vida.

Deste modo se foge das ilusões mundanas. Assim sendo, não basta ter confiança em Deus e rezar para o bom êxito em tudo que se faz. A religião verdadeira subordina tudo a Deus e vê o seu reino estender-se a tudo e se dedica de corpo e alma à plenitude e à extensão desse reino. Por isso Jesus ensinou a rezar ao Pai d Céu: “Venha a nós o vosso reino”.

O autêntico cristão, unido a seu Senhor, está impregnado do espírito profético, anunciando pelo exemplo e pelas palavras a grandiosidade do reino de Deus, longe do qual não há felicidade possível. Trata-se de orientar tudo para Deus, submeter tudo a Deus donde resulta sempre retificar a conduta diária, de sacrificar os gostos pessoais, de, perseverantemente, se aperfeiçoar em casa, no escritório, nos lugares de diversão, onde quer que se esteja.

Busca da perfeição na vida familiar, nas amizades, na vida individual e isso é viável porque o Espírito Santo habita no autêntico cristão, iluminando cada uma de suas ações. Nunca se pensa demais que o céu não é para os que nele simplesmente acreditam, mas não fazem por merecê-lo, atentos às exigências estabelecidas pela ética cristã. Cristo foi claro; “Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela” (Mt 7,13). O cristianismo supõe realizações concretas sem as quais os ensinamentos são inúteis. Não basta se dizer cristão, é preciso ser cristão.

A fé e a religião verdadeira procedem do interior do verdadeiro cristão refletido isto numa conduta coerente em tudo. É necessária uma vitória persistente contra as resistências obstinadas do egoísmo que impedem a renúncia; da fuga do culto do eu, substituindo o culto de Deus e o amor aos irmãos. Como bem se expressou Pascal, muitos cristãos se ocultam em exterioridades e não na pratica da fé. Não se pode esquecer que a máxima do mundo é ter, conseguir muito êxito a qualquer preço, mas a máxima cristã é ser, é renunciar a tudo que confronta com os preceitos estabelecidos por Cristo.

A vida eterna deve ser vivida desde agora, pois o desprendimento cristão não é pessimismo, desconhecimento das coisas, mas sim o desprendimento do amor, desprendimento de tudo que é conforme ao amor próprio para poder a amar a Deus e o próximo. O desprendimento, porém, sem Deus é impossível e absurdo. Sem Deus só temos a nós mesmos. A ética cristã é, deste modo, uma moral de senhores de si próprios pela submissão ininterrupta a Deus do que resulta um mundo melhor.


Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho

Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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