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A paz do Senhor Jesus

Antes de desejar a seus discípulos a paz Jesus estabelece alguns pontos fundamentais para a vida de seus seguidores (Jo 14,23-29). Mostrou a importância de guardar seus ensinamentos como condição para que cada um possa se tornar habitação da Santíssima Trindade.

Salientou a presença do Espírito Santo consolador que não deixa cair no esquecimento sua Palavra vificadora. Então solenemente declarou: “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz”. Muitas vezes o cristão aspira este dom, mas se esquece dos pré-requisitos, colocando-se em estado favorável para recebê-la em plenitude. A observância do que Ele ensinou é fundamental, mesmo porque sua Palavra é também a do Pai que com o Espírito Santo vem habitar na alma em estado de graça. Isto supõe a observância total das mensagens divinas recebidas com muito amor. Este amor, evidentemente, inclui o afastamento de todo e qualquer pecado. Então, sim, é possível ser o templo vivo de Deus Uno e Trino. Aí o segredo da vida sobrenatural que torna possível a recepção e a vivência de uma paz profunda. Esta abertura para o Ser Supremo envolve o cristão na serenidade, beatificando sua existência assim inteiramente unida às Três Pessoas Divinas.

O cristão se torna capaz de entrar numa relação profunda e misteriosa com o seu Criador, O caminho fica aberto para que o Confortador, que age discretamente, possa guiar rumo a uma alegriapermanente. Esta nasce do verdadeiro amor ao Onipotente Senhor num acatamento perseverante de Sua vontade. A consequência foi bem salientada por Jesus: “Meu Pai o amará, iremos a ele e faremos nele nossa morada”. Diante então de Jesus que oferece sua paz cumpre a seu seguidor se interrogar se, perseverantemente, valoriza esta presença divina, esta oferta de uma sublime amizade numa fuga corajosa de tudo que impede a presença de Deus na sua alma para poder gozar da paz do Senhor Jesus. Este foi taxativo: “Se alguém me ama”. Trata-se de um apelo e de um questionamento. Um apelo que Ele não deixa de fazer mesmo quando alguém dele se afasta pelo pecado mortal. O questionamento fica bem expresso no alerta de Santo Agostinho: “Temo a Jesus que passa e pode não voltar”.

Donde a necessidade de uma fidelidade ininterrupta às inspirações divinas. Deus está sempre a falar a cada um e quer inundar de paz os corações. É um Deus que deseja permanecer junto dos que O amam, pois é dele que vem sempre a salvação. Jesus deixou para todos de boa vontade sua paz. Não é a paz à qual o mundo faz alusão. Esta paz não é um sentimento de bem estar passageiro, nem algo que venha dos prazeres e das riquezas. É, isto sim, o fruto do Espírito Santo num processo ininterrupto que supõe a maleabilidade interior, a intimidade com o Senhor. Esta paz que se deve irradiar por toda parte resulta também do devotamento ao próximo. Felizes, de fato, os artesãos da paz! Os sentimentos e ações contrários à paz não podem nunca vir de Deus. Donde toda a atenção à ira, aos rancores, às disputas familiares, as desatenções, a omissão que são as armas do inimigo contra o sossego interior. Cumpre sempre eliminar tudo isto. O verdadeiro cristão nunca é fonte de desunião. Cristo pôde deixar sua paz aos apóstolos porque Ele já a irradiara por toda parte por onde passou, fazendo o bem. Nunca se deve esquecer de que todos os nossos atos de amor não devem ser outra coisa senão atos de paz e esta deve florir até num sorriso amigo que traduz compreensão.

É deste modo que nunca se contradiz a vocação do batizado, sendo o cristão em tudo artífice da serenidade. Este se torna ungido da misericórdia de Deus. Assim o amor do cristão para com Cristo não é senão uma resposta ao amor que Deus lhe tem em seu Filho. Então o seguidor de Jesus passa a perceber a irrupção da dileção do Ser Todo Poderoso. O cristão desta forma, verdadeiro templo de Deus, se santifica pessoalmente e comunitariamente sempre relembrando de que o Criador está de modo especial dentro de si mesmo como resultado grandioso desta paz que o mundo não pode dar.

Caminha-se desta forma na sabedoria para a qual insensivelmente o Espírito divino vai dirigindo o cristão. Trata-se de uma realidade vivida na prece e numa evangelização constante, resultante desta calma interior. Realiza-se o desejo de Cristo: “Brilhe a vossa luz diante dos homens para que vejam vossas boas obras e glorifiquem o Pai que está nos céus” (Mt 5,16). Seus discípulos se tornam, onde quer que estejam, a lembrança da missão de Jesus. O anseio de Cristo nele se concretiza plenamente, percebendo-se em todos os cristãos a ordem de Jesus: “Não perturbe o vosso coração, nem desfaleça”. Vivendo a paz de Cristo o fiel leva o mundo a descobrir progressivamente como o Senhor é bom e inebriante a quietação que Ele oferece a quem O ama. O cristão se torna assim sábio segundo o Evangelho dado que falará sempre, através da paz, a linguagem do amor vitorioso.


Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho

Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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