Advento, tempo de vigilância e disponibilidade

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O tempo do Advento envolve os cristãos na expectativa da vinda do Senhor e exige total disponibilidade para dignamente recebê-lo. Daí o alerta do Evangelho: “Estai preparados, porque a hora em que não pensais virá o Filho do homem” (Mt 24,37-44). Ele vem e chegará com novas graças e isto supõe estar vigilantes e inteiramente disponíveis para aguardá-lo.

O Senhor vem para encorajar, pacificar, orientar e vivificar a expectativa pela sua chegada. Ele ostenta seu poder e chega para a todos salvar. Sublime é o seu nome e será preciso servi-lo na justiça e na santidadesempre lembrado de sua presença santíssima. Então Ele será para todos luz de vida, de felicidade e de paz. Eis por que é importante refletir sobre ao mistério da chegada de Jesus que de maneira especial vem para purificar e santificar. A teologia da expectativa do nascimento do Salvador e de seu retorno no fim dos tempos apresenta pistas para uma espiritualidade do Advento.

Crer é desejar sempre mais ardentemente a vinda do Senhor, é perseverar com o coração desperto e atento. Acreditar é se deixar transformar sob o influxo das realidades natalinas e da consumação da história, apesar das fragilidades humanas e as impaciências que elas fazem surgir. Daí muitas vezes o desânimo, o afrouxamento espiritual. Eis porque São Paulo incita a sair cada um de sua sonolência, fugindo da rotina no trato com Deus, de uma acédia, de uma indolência que precisam ser vencidas. A expectativa suscitada pelo Advento bem vivida leva a uma fuga do ativismo e de preces vazias, bem como do desânimo e da falta de um grande fervor. Deste modo, o Advento conduz a um aprofundamento interior, levando o fiel a se desconectar do uso exagerado do celular, da televisão, para centralizá-lo mais na figura do divino Salvador.

É este um tempo precioso oferecido pela misericórdia divina para a própria transformação e amadurecimento religioso, permitindo que Deus possa transformar o coração daquele que piedosamente O aguarda. Eis porque cumpre penetrar fundo na espiritualidade do Advento, caminhando no fulgor do Senhor ansiosamente esperado, pois a salvação está próxima como alertou São Paulo (Rm 13,11). Deste modo, quer a vinda de Cristo no seu Natal, quer no fim dos tempos não fica envolta numa vã esperança na qual muitos, por vezes, enquadram o significado destas realidades.

O que Deus deseja é a conversão de cada um que nele crê, o que atrairá todas as bênçãos natalinas e a visão beatificante da parusia final, da sua vinda por ocasião do juízo universal. Cumpre, pois, abrir o coração e a inteligência para entrar na verdadeira dinâmica proposta para bem viver este tempo precioso. Todos, sejam quais forem suas atividades, são chamados a uma revisão de vida. Trata-se de um apelo para que se consagre ainda mais toda energia afim de que no Reino de Deus todos possam encontrar o que o mundo não pode dar. Deste modo, cada um se torna um discípulo missionário de Cristo, fazendo de seu Natal o momento precioso para fazer, de acordo com o carisma de cada um, Jesus ainda mais conhecido e amado, Ele que um dia voltará para julgar os vivos e os mortos.

Cumpre que o seguidor de Jesus seja inteiramente transformado pelo seu mistério, estando Ele no cerne da vida de cada um. Assim, ano a ano, se dá um crescimento progressivo no encontro com Deus numa vida de qualidade que somente o Filho de Deus encarnado pode oferecer. Uma existência na qual se sai de si mesmo para caminhar à luz de valores espirituais profundos, levando outros ao amor, ao perdão, ao acolhimento mútuo, ao dinamismo de uma evangelização profícua.

Então, realmente, Deus estará passando de maneira especial na vida de cada um. A presença de Cristo se torna assim uma força e todas as dificuldades são superadas e o cristão se sente fortalecido diante das surpresas que a vida reserva dentro dos planos da providência divina. Tudo interpretado como um sinal, como uma oportunidade para caminhar para frente até o Presépio e, após uma trajetória luminosa nesta terra, poder, um dia, estar tranquilo na vinda final de Jesus que voltará para julgar os vivos e os mortos. Fixemos então o sábio conselho de São Paulo: “Revesti-vos do Senhor nosso Jesus Cristo”.


Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho

Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos


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