AS DUAS PRIMEIRAS BEM-AVENTURANÇAS

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As bem-aventuranças mostram que Jesus não veio a este mundo para
julgar, mas para nos indicar o caminho que conduz a Deus. (Mt 3,
1-12). Não se pode limitar a vida cristã ao mero cumprimento de
algumas regras estritas, a fim de evitar o castigo eterno. Jesus veio
para ostentar o amor, para que cada um possa curtir e partilhar esta
dileção com os irmãos e irmãs. O verdadeiro cristão deve estar
cônscio de que ele tem dentro de seu coração o segredo da felicidade
que o mundo ignora. Eis porque é preciso que ele viva de acordo com as
Bem-aventuranças pelas quais obterá a verdadeira felicidade.
Reflitamos hoje sobre as duas primeiras bem-aventuranças.
Bem-aventurados os pobres de espírito porque o reino dos céus é para
eles. Jesus não disse, bem-aventurados os que vivem na miséria, as
mães cujos filhos morrem de fome, mas disse:” Bem-aventurados os que
têm um coração de pobre”. Isso porque, na época em que Ele pregava, a
palavra pobre tinha já uma longa história. Nos textos mais antigos o
pobre era uma pessoa vergada, oprimida, incapaz de resistir e de
levantar a cabeça, alguém que devia sempre ceder aos poderosos. O
acento era colocado não sobre a indigência em si, mas sobre a
humilhação do pobre. A palavra tomara uma coloração religiosa e os
opressores apareciam como orgulhosos e ímpios e o pobre feito figura
do homem submisso que colocava sua confiança em Deus e aguardava dele
o socorro. Assim a primeira beatitude de Jesus não se dirige
precisamente aos mendigos, aos indigentes, mas a todos os que têm um
coração bastante pobre para se acharem pequeninos diante de Deus, mãos
abertas para receber dele a força e a esperança. Jesus não diz “vós
que precisais de tudo, ficai na miséria”! Ele não prega um fatalismo
mais ou menos resignado. Ele diz “Guardai um coração de pobre diante
dos irmãos e diante de Deus”. Este Deus ignora as classes sociais
porque em todo homem ele vê um filho que tem necessidade de ser amado
e de ser perdoado, de ser salvo. Os homens julgam pelos sinais
exteriores, sinais por vezes enganosos de riqueza ou de pobreza. Deus
olha o coração, porque é possível ser rico com um coração de pobre e
pobre com um coração de rico. É que exatamente o pobreza material, não
a miséria, predispõe para pobreza do coração. É igualmente verdade
dizer que Deus tem uma ternura especial para aqueles que precisam de
tudo, tudo como uma mãe guarda os tesouros de paciência e de
compreensão para cada um de seus filhos sobretudo os mais frágeis. No
coração de Deus não há exclusão de ninguém. Ele ama cada um tal como
ele é, Ele não estabelece categorias. Somos nós que dividimos, que
excluímos os outros. Num mundo no qual as relações sociais são
frequentemente deturpadas, a tentação pode nos levar a fechar mais ou
menos a porta do Reino aos que são diferentes de nós e colocamos então
barreiras lá onde Cristo passou para as destruir. Acontece mesmo que a
irritação paralisa no coração do cristão seu desejo evangélico de
justiça e de liberdade e, por isto, uma segunda bem-aventurança vem
precisar a dos pobres de coração: “Bem—aventurados os mansos porque
eles possuirão a terra”. Jesus não diz “Felizes os incapazes, os
frustrados, felizes os que têm medo de viver e que trepidam diante das
verdadeiras responsabilidades, mas felizes os mansos, os pacíficos, os
que não aspiram o poder, os que aceitam lutar sem ira, os que sabem
não abusar de suas forças, os que deixam sempre aos outros um espaço
livre e os meios de se superarem. É a mansidão mesma de Cristo que
podia dizer: “Tomai o meu jugo e colocai-vos na minha escola porque eu
sou manso e humilde de coração”. Saibamos, pois, que o Evangelho é
sumamente exigente. Ele não oferece uma poesia fácil e infantil, mas
um realismo cristão. O realismo do batizado, adultos e conformado
pelo Espírito, realismo que está na base da verdade interior, do
acolhimento filial daquilo que Deus faz em função da sua misericórdia
imensa pelo mundo. Trata-se então -de uma grande, muito grande
virtude. Ela só, é capaz de aproximar as distâncias que a natureza e
as leis põem entre os homens; pois aos superiores ela inspira doçura e
caridade, respeito e obediência aos inferiores. Apenas ela pode
abrandar as inevitáveis injustiças da vida e da sociedade, destruir
nos fortes o instinto da tirania, e o instinto da revolta dos fracos e
tudo isto na mais admirável fraternidade. Sejamos sempre rigorosos em
examinar a nossa consciência para acolher toda graça de uma total
mansidão e seremos, de fato, felizes.

*Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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