Entramos em um novo ano. Estamos recomeçando. A vida é sempre assim: acabar, recomeçar. Recomeçar, acabar… Quando tudo, enfim, encontrar o seu ocaso nesta terra e, aparentemente, se encerrar, será o eterno começo.
No primeiro dia do ano, a fé nos colocou debaixo das copiosas bênçãos de Deus, e proclamamos na solene liturgia: “O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a Sua face, e Se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o Seu rosto e te dê a paz!” (Nm 6, 24-26). Do mesmo modo que se pede a bênção de um pai querido, de uma mãe querida para iniciar um novo dia, é assim mesmo que fazemos diante de Deus. Que Ele nos abençoe, pois, afinal, é um novo ano que se inaugura!
A cada início de ano, a liturgia nos ilumina com a festa da EPIFANIA DO SENHOR. Valerá para os outros meses uma fraterna lembrança: Deus se manifesta. Ele é Amor e não fica trancado em Si próprio. Vem ao nosso encontro como um eterno apaixonado pela Sua obra: cada pessoa humana.
Mesmo que o sol não surgisse a cada manhã; a sombra da noite não nos encobrisse com seu manto; a lua não espalhasse sua luz prateada sobre os vales e montanhas; mesmo que tantos outros fenômenos estupendos não existissem; ainda assim ninguém poderia desconfiar do amor de Deus. Além de toda a façanha da obra da criação, Deus, cuidadosamente, qual semeador generoso, espargiu abundantemente seus sinais na história. A vida é um sinal, uma grandiosa manifestação do Senhor!
O coração humano saudável gosta de ficar contemplando a magia que compõe a vida de uma criança, por exemplo. Observa a criança. Alegra-se com ela. Ri de suas estrepolias. Porém, não se deve ficar na superfície… Aprofundar o olhar é contemplar. Notar que há algo de divino ali. Observe com amor o jovem, o adulto, enfim, a pessoa humana… Você irá concluir que, verdadeiramente, tem algo de divino ali. É a manifestação de Deus!
A liturgia considera a solenidade da Epifania do Senhor como uma de suas maiores festas, pois celebra, no Menino nascido de Maria, a manifestação d’Aquele que é o Filho de Deus, o Messias e a Luz das Nações.
É do conhecimento popular a Festa de Reis. Baltazar, Belchior e Gaspar: os três Reis Magos. As folias de reis contam sua história de uma maneira simpática. Cada um levou um presente para o Menino Jesus: OURO, simbolizando Sua realeza; INCENSO, para significar que O reconheciam como verdadeiro Deus, uma vez que a fumaça perfumada do incenso que sobe aos céus evoca a divindade; MIRRA, substância utilizada para embalsamar cadáveres, reconhecendo-O como verdadeiro homem. A propósito, Deus se manifestou a estes homens simples, guiando-os por meio da estrela até Belém.
No caminho de cada um de nós, Deus coloca sempre a “estrela” de que precisamos para não nos perdermos no caminho de Seu Reino. Grande arte de bem viver é seguir Sua luz, preservando o sentido da vida como protagonistas, CONSTRUINDO A HISTÓRIA!
Padre Paulo Dionê Quintão – Pároco