Cristo, rei do universo

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Ecoam neste domingo especiais louvores a Cristo Rei do Universo. Como
lemos no Evangelho de São Mateus, o Filho do homem voltará a esta
terra em sua gloria para o juízo universal (Mt 25,31-40) Dada a
impetuosidade das forças do mal, sobretudo no atual contexto
histórico, nada mais necessário do que meditar sobre esta intervenção
do poder do Redentor da humanidade. De uma maneira ainda mais cruel,
seres humanos são massacrados, as inteligências são asfixiadas com os
erros mais absurdos e a mentira campeia através dos meios de
comunicação social e. até. se popularizou a expressão “fake news” –
notícias falsas. Nada, portanto, mais necessário do que implorar a
vinda do Senhor do céu e da terra para dar rumos mais justos por entre
tantas calamidades, para que a justiça reine por toda parte. Cumpre,
entretanto, que cada um se examine até onde é culpado nestes
transtornos atuais. A certeza, porém, de que todos e tudo que
praticaram, um dia, serão submetidos ao julgamento de Deus, é um
poderoso alerta. Cristo, o Crucificado que ressuscitou imortal e
impassível, no juízo final, separará os bons e os maus. A vitória será
daquele amor que raiou no alto de uma cruz, fato glorioso bem assim
sintetizado por São Paulo: ‘Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo,
que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça,
mas tenha a vida eterna.’ (Jo 3,16). No decorrer da história há os que
trilham o caminho do bem, ou seja, os que seguem os preceitos
estabelecidos pelo Criador, e aqueles que aderem àquilo que a esta
vontade divina se opõe. A liberdade de cada um é sempre respeitada
pelo Senhor de tudo. São, contudo, duas sendas opostas. No dia a dia
do ser humano nesta terra muitas vezes se percebe que a fronteira do
bem e do mal passa dentro de si, tanto que a própria Bíblia afirma que
o coração do homem é duplo. Segundo São Tiago, “aquele que hesita é
semelhante à uma onda do mar, batida pelo vento. Portanto, não pense
tal homem que receberá do Senhor coisa alguma, irresoluto como é e
volúvel em todo o seu operar” (Tg 1,8). Na hora da morte, contudo, o
proceder de cada um estará definido pois ou foi inteiramente bom ou
completamente mau. Por isto, no julgamento final haverá apenas duas
categorias, pois os bons receberão as promessas do Reino e os outros o
fogo eterno. A responsabilidade pessoal fica definida ao se deixar
este mundo. A Bíblia emprega uma linguagem concreta e fala do fogo
eterno “preparado para o demônio e seus anjos”. Mensagem direta que
deve ser bem assimilada por aquele que crê na vida eterna, pois o
julgamento divino será com relação ao bem ou ao mal que se praticou. O
juízo será sobre os atos e não é meramente conceptual, pois o
Evangelho de hoje focaliza como se agiu diante dos pequenos, dos
fracos, dos famintos, dos sedentos, dos sofredores em geral, com os
quais Jesus se identificou. O que cada um fez ao menor dos irmãos é a
Cristo que foi feito. Quem socorreu o próximo não por uma generosidade
interesseira, mas gratuitamente, por verdadeira caridade, receberá o
faustoso convite: “Vinde benditos de meu Pai, recebei em herança o
Reino preparado para vós desde a criação do mundo”. O mesmo não
ocorrerá com quem não teve compaixão para com os outros. Desde modo, a
solenidade de Cristo Rei deve levar a todos os seus súditos a uma
revisão do modo como tem tratado seu semelhante, dado que se trata de
uma recompensa ou de uma condenação por toda a eternidade. Na sua
primeira Carta São João deixou esta séria advertência: “Não amemos por
palavras nem com a língua, mas por obras e em verdade. Por este sinal
saberemos que somos da verdade” (1Jn 3,1). Cristo Rei é, como foi
dito, a revelação do Deus de amor, aquele que mostrou que o verdadeiro
amor está em Deus. Entrarão em seu reino apenas aqueles que viveram em
função desta dileção concretizada em atos que ampararam nesta terra os
mais necessitados. Diante de seu tribunal seremos examinados sobre
como amamos os indigentes, vendo neles sua figura salvadora. Todo
serviço ao próximo que teve a marca da caridade foi passaporte para o
céu. Deixemo-nos então penetrar pelo poder de Cristo Rei, tão próximo
de nós em nossos irmãos e estaremos conscientes de nossa
responsabilidade nesta nossa trajetória terrena. Professor no
Seminário de Mariana durante 40 anos.

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