Ao longo da História muitas figuras humanas são alvo de grande prestigio. Certamente construíram a casa de seu ser alicerçada no altruísmo. Afinal, qual teria sido o encanto das amizades protagonizadas por uma pessoa tão despretensiosa como a Angelina? … Ela mesma! Por certo, a mais justa resposta seja assegurar que é ela própria. Todos nos sentimos pequenos diante da sinceridade de uma vida que só sabe doar-se ao próximo.
Angelina da Conceição Marinho é a quinta filha, entre os onze gerados pelo casal João Barnabé Marinho e Maria Augusta Marinho. Nasceu em Guaraciaba (MG), aos 7 de junho de 1929.
Dedicou-se às lutas de uma camponesa naquele próspero município da zona da mata mineira, juntamente com seus familiares, até os vinte e dois anos de idade. Foi quando, no dia 15 de fevereiro de 1952, atendendo ao convite, seus pais a apresentaram ao Pároco. Passando a residir em companhia do virtuoso Padre Joaquim Dimas Guimarães, dedicou-se às prendas domésticas, responsabilizando-se por todo o trabalho da Casa Paroquial. Prendada nas artes culinárias, Angelina mostrou-se tão eficiente em forno e fogão como a abelha é capaz de fazer o mel, sem nunca errar, conforme afirmou Dom Homero Leite Meira. Desde as saborosas quitandas aos mais finos pratos, passando pela base cotidiana de um cardápio singelo, porém substancioso, à base de verduras e legumes, em tudo sobressai o tempero da criatividade em que somente o amor é capaz de persistir.
Antes do romper do dia, (durante vinte e sete anos, quatro meses e quinze dias), Angelina fazia o café. Caso o padre demorasse a acender a luz do quarto, era infalível o seu “toc… toc… toc”. Ao chegar ao refeitório ele brincava com ela: “pensou que eu tinha perdido a hora?” Em seguida, ia abrir as portas da Matriz. Uma rotina de trabalho que ela manteve todos os dias, até o falecimento do Monsenhor Dimas, no dia 30 de junho de 1979, aos 73 anos. Foi quando viveu um grande sofrimento pela perda do amigo, pastor e guia espiritual. Assim que chegou o novo Pároco, Cônego Joaquim Quintão de Oliveira, Angelina retoma a lida da Casa Paroquial, permanecendo ali por mais oito anos. Após esse período, a convite de seu conterrâneo, Padre Francisco Maria de Castro Moreira, Angelina passa a residir em sua companhia e, através dele, aceitou meu convite e veio fazer parte de minha história.
Em sua vida simples, divide-se em atenções à sua família, à Paróquia Sant’Ana de Guaraciaba e ao Santuário Santa Rita de Cássia, em Viçosa. Nestes 65 anos de profícua dedicação e amor aos sacerdotes ela se revelou como um anjo de bondade.