Em todo instante de nossa vida estamos fazendo escolhas. Delas resulta a nossa História e a participação na construção do mundo com que sonhamos. Votar é escolher. Por isso, precisamos ter a visão de que podemos participar da efetiva decisão sobre os que irão nos liderar, através do poder Legislativo e Executivo.
O Concílio Vaticano II ensina que as pessoas que receberam o batismo realizam a sua vocação cristã no vasto campo das realidades terrestres. A Exortação Apostólica Pós-Sinodal “A Igreja na América” afirma que fiéis cristãos leigos devem dar a sua presença evangélica, eclesial e evangelizadora como “luz, sal e fermento”, nos ambientes que frequentam e junto das pessoas com as quais se relacionam, no seu dia a dia. Apesar da maioria dos cristãos se encontrarem na América, o rosto social de nossos países não revela ainda esta verdade, advertiu, certa vez, São João Paulo II.
A espiritualidade e compromisso social devem ser as notas características dos que agem na vida familiar, social, profissional e política. Todos devem assumir o dever da cidadania e dar a sua participação responsável e consciente. Há uma afinidade e correlação entre a vocação laical e a política. Por isto, os leigos devem agir como militantes e agentes ativos das justas reivindicações da comunidade, como cidadãos que procuram responder às necessidades do povo. É indispensável sua participação para formar a opinião pública, apontando o que é mais necessário para a comunidade, garantindo o acesso de todos à vida digna.
Em qualquer eleição, (federal, estadual ou municipal), nenhum candidato ou eleitor representa oficialmente a Igreja. A Igreja não tem partido. Contudo, respeita e valoriza os partidos coerentes com a dignidade humana, a solidariedade e a paz. Devemos nos conduzir pela nossa consciência cristã, analisando, pormenorizadamente, à luz do Evangelho, do pensamento social da Igreja e das orientações da CNBB, as propostas dos partidos e dos candidatos a cargos públicos.
O perfil de um bom candidato é o daquele que nos dá um bom testemunho de vida e de honestidade na família, no trabalho, nos negócios e na comunidade. Aquele que nos apresenta propostas viáveis e projetos essenciais para se construir uma comunidade solidária e feliz. Que respeita outros candidatos como pessoas humanas, criadas à imagem e semelhança de Deus e sujeitos de seus direitos. Que não usa de gastos exorbitantes para se eleger a toda prova, visando aos próprios interesses. O candidato que assume um compromisso com a promoção humana, a defesa da vida e com as justas causas populares, apoiadas pelos Conselhos Paritários, aprovados por lei, envolvendo a criança, o adolescente e a assistência social. Que esteja aberto para procurar assessorias, voltadas para o bem comum e capazes de responder aos anseios do sofrido povo, assegurando o constante diálogo e a participação dos eleitos.
A Igreja se sente interpelada sobre a difícil situação humana em que vivem milhares de nossos irmãos e irmãs, no Brasil, vítimas de todo tipo de exclusão, lesados em seus direitos de cidadãos e, inclusive, ameaçados em sua dignidade de filhos e filhas de Deus.
A Igreja, cuja missão é anunciar o Evangelho de Cristo, promovendo o Reino de Deus, na defesa incondicional da vida, desde a fecundação ao seu declínio natural, conclama todos ao dever de cidadania na escolha de líderes que coloquem o bem comum acima de seus interesses pessoais.
Com esse espírito, com o coração e a preocupação de Mãe e Mestra, é que desperta as consciências para este tempo, muito importante, de eleições em todo o Brasil. Sabemos que a política, exercida com honestidade e retidão, pode se tornar para o cristão uma forma sublime de exercer a caridade (CNBB, Doc 67, n.2). Por isso, todo cristão é chamado a assumir este momento eleitoral com seriedade, ajudando os irmãos e as comunidades a um sério discernimento sobre a escolha de candidatos.
Cabe-nos a missão de conscientizar cidadãos e cidadãs de sua responsabilidade de votar, e votar bem, tendo presente que seu voto não tem preço, tem consequências, e de escolher com cuidado seus candidatos. Os candidatos sejam bem conhecidos e portadores de uma história de trabalho e iniciativas em prol do desenvolvimento da sociedade, sobretudo dos mais pobres.
Que o Divino Espírito Santo nos ilumine e nos ajude a escolher aqueles que responderão pelo futuro de nosso País! Que Maria, Mãe da Igreja, acompanhe-nos e nos ajude em nossa missão.
Votemos com consciência e grande senso de responsabilidade cristã, sem jamais vender o voto, “voto não tem preço, tem consequências”, fazendo da ‘política um espaço ideal para a caridade’, pois ELEIÇÃO É TEMPO DE ESCOLHAS.
Padre Paulo Dionê Quintão
Pároco de Santa Rita de Cássia em Viçosa
Padre Paulo Dionê Quintão
Pároco de Santa Rita de Cássia em Viçosa