Próximos do Natal os textos da liturgia fixam neste domingo a atenção sobre duas futuras mães: Maria e sua prima Isabel. Para Deus nada é impossível. Uma mulher idosa e estéril a conceber João Batista e uma jovem Virgem esperando em seu seio o Messias prometido. Ambas sintetizam toda a história da salvação.
Isabel representando os longos séculos de preparação para o maior acontecimento da história humana e Maria, a Imaculada, anunciando a Igreja de Jesus. Quer Isabel, quer Maria tinham em comum as esperanças da humanidade e percebiam que sua maternidade estava inserida inteiramente nos planos divinos. Ambas testemunhavam a importância das crianças que traziam em seu ventre. Um era filho de Zacarias e o outro era filho do próprio Deus concebido do Espírito Santo.
Na visita feita por Maria à mãe do Precursor ela e Isabel trocam cumprimentos repletos de profundos conceitos teológicos.
Isabel se torna notável teóloga ao exclamar: “Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor?” Ela inclusive assim se expressou: “Feliz aquela que acreditou que teriam cumprimento as coisas que lhe foram ditas da parte do Senhor” (Lc 1,39-45). Neste extraordinário elogio está mensagem realmente preciosa para os fiéis de todos os tempos, visando uma comemoração frutuosa do nascimento do divino Salvador.
Toda a felicidade de Maria, realmente, se enraizava na fé. Mais tarde o próprio Jesus confirmará esta verdade, quando do meio da multidão que O cercava alguém exclamou: “Bem-aventurado o ventre que te trouxe, e os seios que te alimentaram”. Mas Jesus replicou: “Antes bem-aventurados aqueles que ouvem a palavra de Deus e a observam” (Lc 11,27-28).
Foi o que ocorreu, sobretudo, com sua Mãe e é o que sempre se dá com todos que fundamentam sua vida na promessa redentora de Deus. É esta fé que conduz até o Presépio para contemplar naquele Menino o próprio Filho de Deus que se fez homem para redimir a todos que nele acreditassem e O amassem. Esta certeza é que engrandece o seguidor de Cristo e faz lançar pelo mundo através dos tempos as luzes da boa nova nas comunidades, nas famílias, nos corações que buscam os valores que ultrapassam as ilusões terrenas.
Fé inabalável como a de Maria que está a lembrar a todos que o Senhor está perto, pois em cada comemoração de seu nascimento transbordam as graças que jorraram um dia lá em Belém numa renovação admirável do grande mistério. Maria quer então que cada coração se deixe tocar pelo autêntico sentido do Natal, penetrando fundo no significado deste acontecimento maravilhoso.
Ela, a cheia de graças, esteve ininterruptamente inserida no caminho da fé em Deus ao qual submetia toda sua existência. Ela se tornou mãe de Deus no seu corpo trazendo Jesus, mas ela, mais ainda, O tinha no seu coração por meio de sua fé admirável. Deste modo, pôde se tornar o canal que o Criador escolheu para manifestar ao mundo seu amor” misericordioso.
Ela almeja que todos que comemorarão o Natal de seu divino filho se entreguem a Ele com confiança, acolhendo os apelos para uma vivência plena de seus ensinamentos, indo além da exploração comercial desta solenidade.
Maria está hoje a nos lembrar que a comemoração Natal é um dos momentos chaves na história pessoal de cada um que abre o seu coração para que nele receber Jesus. Felizes os que já se prepararam e vão se preparar para uma fervorosa comunhão no glorioso vinte e cinco de dezembro. No seio de Maria Cristo se tornou nosso irmão, o Emanuel, o Deus conosco. Natal é o dia da vitória da divina misericórdia sobre o pecado e todas as suas funestas consequências.
Reaviva em todos o desejo de uma vida melhor, livre das escravidões satânicas, dos rancores e dos medos. Hoje escutamos a voz maternal de Maria que apela cada um para se colocar no caminho da santidade existencial oferecida por Jesus. Ela está a convidar: “Vinde todos à fonte da paz e da verdadeira alegria”.
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.