Importância da conversão e da fé

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Ao voltar para a Galileia, Jesus, anunciando a proximidade do reino de
Deus, foi claro: “Convertei-vos e crede no Evangelho”, (Mc 14-20). Ele
era o Emanuel, Deus conosco, que tendo se encarnado, se tornara ainda
mais próximo dos homens que Ele viera salvar, mostrando-lhes como
obter esta salvação. Conversão e fé seriam meios para que não fosse
inútil sua obra redentora. Pela conversão se entende o retorno sincero
a Deus, numa caminhada de arrependimento dos erros, do reconhecimento
da própria miséria e numa total confiança na misericórdia divina. Isto
incluindo firme decisão de um caminhar continuo nas trilhas da
perfeição, não obstante as dificuldades exteriores e interiores. No
caminho da conversão é, entretanto, a fé na verdade do Evangelho que
permite avançar corajosamente na santidade existencial. Trata-se de
uma orientação que o Filho de Deus traçou para os seres humanos, uma
vocação de todos os homens e mulheres. Já no Levítico Deus havia
determinado: “Sede santos porque eu sou santo” (Lev 20,26). A busca
perseverante desta perfeição implica uma conversão, uma mudança de
quem possui a graça santificante para um agir cada vez mais em
adequação com a vontade divina. A conversão implica, portanto, uma
atitude que exclui peremptoriamente a situação de um cristão medíocre
exigindo continuamente ações fervorosas até a chegada ao céu. Para
isto o cristão deve cultivar a fé todos os dias de sua vida aqui na
terra. Isto supõe crer no Evangelho com todas as potências do ser de
cada um, com toda a sua alma, com todo o seu coração, com toda a sua
inteligência. Trata-se do ser humano numa adesão completa com o seu
Deus três vezes santo. Crer profundamente, de verdade. Um engajamento
pessoal total nas três pessoas santíssimas às quais se entrega sem
reservas, apesar das fraquezas e dúvidas de quem é humano, frágil. É o
relacionamento entre um Deus infinitamente perfeito e o homem criatura
limitada. Esta, contudo, pode dizer ao Ser Supremo que crê na sua
bondade sem limites e que deposita nele toda sua esperança. É de se
notar que quando Jesus proclama o Evangelho de Deus Ele apela, de
fato, para uma crença inabalável mesmo diante da violência dos
poderosos como ocorreu com São João Batista. Não se trata de um mundo
de ilusões no qual tudo é belo, tudo é tranquilo. Converter-se e crer
no meio de muitos descrentes que duvidam e desprezam as verdades
reveladas mais preocupados com as coisas terrenas e passageiras, com
tudo que é material, ignorando as verdades sobrenaturais. Conversão e
fé num mundo no qual reina a virtude e o pecado, uniões e
antagonismos, o joio e o trigo. Cumpre, então, estar atento às
inspirações do divino Espírito Santo sempre a lembrar que é em função
do Reino de Deus que o verdadeiro cristão deve viver, santificando-se
continuamente à luz da fé, jamais traindo a Boa Nova de Deus. Isto
implica um rompimento corajoso com tudo que vai de encontro aos
sagrados mandamentos da Lei divina, tendo em mente também a mudança de
uma sociedade para que seja impregnada com tudo que está na Palavra
revelada que se acha na Bíblia, a qual deve penetrar fundo no coração
de quem crê por meio do bom exemplo e da demonstração de como é feliz
quem se alegra no seu Senhor. A luta é sem tréguas contra os
obstáculos, os ídolos e demônios que tentam perturbar quem quer viver
intimamente unido a seu Deus. Tudo isto num mundo em que somos vítimas
de moléstias, feridas mais ou menos graves, mas que exigem destemor
para que nunca se afaste do caminho da conversão e da fé. Somos todos
sempre responsáveis ou cúmplices pelo bem ou pelo mal, devendo,
portanto, ser afastado todo egoísmo e enfermidade espiritual fruto dos
ídolos de um mundo que endeusa o dinheiro, o sexo, a moda, o domínio,
o desejo desregrado do sucesso a qualquer preço, apreciando a vaidade,
o tempo malbaratado, as horas inutilmente passadas, a busca de um
conforto desnecessário. É preciso vencer as nossas indiferenças ou
submissões aos vícios. O Evangelho de hoje clama, realmente, que se
rompa, se fuja de tudo isto. Trata-se da libertação de tudo que torna
o cristão escravo da maldade, da perversidade. Atitude consciente para
poder acolher os dons de Deus. Assim, é de vital importância agir
unido a Deus, pois se trata de agir corretamente para não ver
comprometida a própria salvação eterna e a autêntica felicidade. É
desta maneira que se obtém o desejável júbilo interior, porque é Deus
que estará agindo dentro coração de quem Lhe é fiel. Disponibilidade
e prontidão devem então marcar a existência do cristão que está
convencido de que crer é responder e corresponder ao apelo divino. Daí
a necessidade de conhecer sempre mais Jesus para caminhar colocando
nossos passos nos passos do Mestre divino nesta conversão de todos os
instantes, firmes na fé em tudo que Ele ensinou. Professor no
Seminário de Mariana durante 40 anos

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