No início da Semana Santa é preciso disponibilidade para captar os ensinamentos que jorram, sobretudo, das cátedras do Cenáculo, do Calvário, do Sepulcro, culminado com as alegrias da Páscoa. Na última ceia Cristo proclama seu amor e exalta a caridade fraterna como fundamento de sua Igreja. Oferece ao homem seu Copo para o nutrir com sua graça, com o germe da imortalidade e da ressurreição. Dá seu Sangue divino para enobrecer o ser racional, que se torna consanguíneo do Filho de Deus. Concede ao homem seu Coração para moldar o coração humano de acordo com a imensidade de sua ternura. Confere ao homem a ventura de participar de sua divindade e declara: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele” (Jo 6,56) Desta maneira o cristão enxertado nele pode repetir com São Paulo “Já não sou eu quem vive é Cristo quem vive em mim” (Gal 2,20). No Cenáculo Jesus lega também o mandamento do amor: “Amai-vos uns aos outros”. No Calvário estabelece a cátedra do sacrifício e se oferece como vítima do mundo. Ele quis reparar a glória do Pai ultrajada, pagar as dívidas da linhagem humana, oferecendo uma copiosíssima redenção. Ele se fez na Cruz, Hóstia, Salvação e Vítima. Foi o Cordeiro de Deus que tirou o pecado do mundo. Mereceu para toda a humanidade o perdão e a graça, frutos de uma misericórdia infinita. Com razão, muitos artistas pintaram o Calvário com anjos e seus cálices de ouro recolhendo o Sangue da augusta Vítima para derramá-lo sobre o mundo num batismo salvador e sobre o purgatório como um rocio refrigerante. Depois, no Sepulcro a cátedra do triunfo. Ele ressuscitaria imortal e impassível, vencendo a morte e todos os seus inimigos. Vitorioso sobre o pecado, sobre o mundo, sobre satanás. Eis por que ao penetrar no pórtico da grande semana é preciso mais do que nunca ter o coração purificado e a mente disposta a perceber a grandiosidade do tríduo pascal. A participação piedosa nas diversas procissões, nas cerimônias litúrgicas e a atenção nas pregações destes dias sagrados resultará em novas luzes celestiais que guiarão nos caminhos da santidade e da redenção eterna. Cumpre recolher os frutos de dias tão abençoados que brindam de paz e gozo no Espírito Santo aqueles que souberem usufruir de tantas bênçãos divinas. Por tudo isto é preciso gestos com os de Maria Madalena humildemente aos pés de Jesus envolvendo-os com o nardo genuíno de alto preço, símbolo um profundo amor ao Mestre divino. Não imitar Judas que censurou atitude da irmã de Marta e Lázaro, pois ele venderia aquele perfume não para dar aos pobres, mas para se apossar do dinheiro da venda, dado que um larápio. A Semana Santa exige, de fato, muito amor a Jesus e uma conversão total para que se recebam todas as graças especiais destas horas benditas. É bom que se lembre sempre a advertência de Santo Agostinho: “Temo a Jesus que passa e que pode não voltar” *Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.