O Batismo de Jesus foi a sua primeira manifestação pública e o início de seu ministério após deixar Nazaré (Mt 3,13-17).
Ele se mostra nas margens do rio Jordão a João e ao povo de Israel. O batismo de João era uma ablução exterior para levar à penitência e dispor quem o recebesse a se tornar apto para ganhar o perdão de Deus. Jesus, que havia tomado a natureza humana, humildemente quis, enquanto homem, se submeter àquele ritual para também santificar a água que Ele, o Messias, empregaria para transmitir o Espírito Santo. O sacramento que Ele instituiria haveria de encher os batizados com os dons celestes, purificando-os de toda impureza, conduzindo-os a uma vida mais solidária com Deus na plenitude da adesão ao Evangelho. Seu batismo no Jordão foi ocasião da revelação do mistério trinitário, pois, como registrou São Mateus, “apenas batizado, Jesus subiu da água e eis que se lhe abriram os céus e viu o Espírito de Deus em figura de pomba descendo sobre Ele. E veio uma voz do céu que dizia: “Este é o meu filho amado no qual ponho as minhas complacências”. O Pai identifica o Filho e o apresenta ao povo. Para Ele havia convergido o Espírito Santo e tudo isto confirmando o testemunho de João Batista sobre a superioridade daquele que se submetia a seu batismo.
Jesus, verdadeiro Deus, mas também verdadeiro homem, assistiu sua missão consagrada pelo Pai e pelo Espírito Santo. O batismo que Ele instituiria seria ministrado em nome da Trindade Santa e faria os cristãos verdadeiramente filhos e filhas de Deus Na solenidade de hoje este Deus convida a todos os batizados a examinar se, de fato, têm vivo o seu batismo, ou seja, suas vidas de cristãos.
Filhos e filhas de Deus, muitas vezes pecadores, mas sempre perdoados e sempre amados. Acolhendo o Espírito Santo, recebido no dia do batismo, o seguidor de Cristo percebe que este Espírito Santo nele opera coisas novas, pois o cristão é chamado à santidade, vivendo dentro de si a presença de Deus através da graça santificante. Misteriosa solidariedade com a Trindade Santa, unido em tudo com a vontade divina. Comunhão com Deus e com todos os irmãos.
Deste modo, o nosso batismo que foi um ato do passado, marca toda a nossa existência ao longo da trajetória neste mundo. O cristão é aquele deve levar por toda parte a esperança do amor de Deus, elevando sempre ao Pai preces por um mundo mais espiritualizado e menos preso às ilusões terrenas. Com Jesus o batizado ilumina esta terra e Jesus foi claro: “Vós sois a luz do mundo”. Maravilhosa a missão do cristão onde quer que ele esteja.
Trata-se de testemunhar por toda parte através da fraternidade que todos somos irmãos em Jesus Cristo, o Filho bem amado no qual o Pai colocou todas as suas complacências. Cabe ao cristão lutar contra os falsos messias, os falsos deuses apresentados nos meios de comunicação social através dos maiores absurdos morais que levam de roldão aqueles que atraiçoam sua vocação de batizado, deixando-se poluir pelas iniquidades diabólicas.
Trata-se da batalha contínua que leva pecadores contumazes à conversão e faz perceber o sentido profundo de sua dignidade de batizados. Jesus estará sempre com aqueles que querem mudar de vida e ter uma existência unida a Ele. É preciso vivificar o mundo com a Palavra de Deus, com a água viva do Evangelho e isto a cada dia, a cada hora em virtude do dinamismo de nosso batismo. O verdadeiro cristão a viver intensamente no fluxo e refluxo da contemplação das maravilhas divinas numa ação para ajudar a Cristo na sua obra redentora, voltando, porém, sempre da ação à contemplação dos desígnios divinos.
Para não traírem sua vocação de batizados os santos que se acham em nossos altares muito se penitenciaram para não caírem nunca nas garras de satanás. A exemplo deles milhares de cristãos a exalarem o suavíssimo perfume das virtudes. Nunca se medita demais nas palavras de São Leão Magno: «Reconhece, ó cristão, a tua dignidade. Uma vez constituído participante da natureza divina, não penses em voltar às antigas misérias da tua vida passada. Lembra-te de que cabeça e de que corpo és membro. Não te esqueças de que foste libertado do poder das trevas e transferido para a luz e para o Reino de Deus».
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.