Na solenidade de São Pedro e São Paulo se celebram aqueles que foram os fundamentos da Igreja primitiva e, portanto, da fé cristã (Mt 16,13-19).
Apóstolos do Senhor, eles viveram os primeiros momentos da expansão da Igreja e selaram com seu sangue sua fidelidade a Jesus.
Numa de suas primeira alocuções o Papa Francisco ao falar aos cardeais
mostrou que os cristãos devem “marchar, edificar e confessar”. Cumpre,
de fato, ter uma caminhada de vida, construindo a Igreja e
proclamando, como São Pedro, a divindade do Filho de Deus. Jesus
demandou ao pescador da Galileia um ato de fé, na sua condição divina
e Pedro não hesitou em afirmar: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus
vivo”. Ato contínuo, Jesus instituiu o primado dizendo a Pedro que ele
seria a rocha sólida sobre a qual ele construiria sua Igreja,
dando-lhe o poder das chaves, ou seja, a faculdade suprema para reger
sua Igreja. Como outrora aos apóstolos, Jesus nos interroga: “Quem
dizeis que eu sou?” Quem é Ele para nós? O maior dos sábios? Um
profeta de Deus? Ele é o Nosso Senhor, o Unigênito do Pai, nosso único
Salvador? Será que podemos repetir com São Paulo: “Já não sou eu quem
vive, é Cristo quem vive me mim” (Gl 2,20). Além disto, se é verdade
que Pedro e seus sucessores são sempre assistidos pela força do
Espirito Santo, eles têm necessidade das preces dos cristãos, Quando
Pedro estava na prisão, lemos nos Atos dos Apóstolos que a Igreja
rezava incessantemente por ele (Atos 12,5). Cumpre orar sempre pelo
Papa, por sua pessoa e suas intenções Entretanto, como Pedro, nossa fé
em Jesus Cristo, Filho de Deus, deve nos levar também a ser
testemunhas da sua divindade, a viver no seu amor, a sermos servidores
da Igreja estando a serviço do apostolado a favor das almas que a
compõem. Tudo isto tanto mais importante nos dias de hoje quando as
correntes de pensamento de um mundo que se aliena de Deus afastam a
tantos de Jesus, o Filho bem amado de Deus. A vida dos cristãos
precisa estar inteiramente embasada na Palavra do Unigênito do Pai, na
fé viva em sua divindade. Jesus chamou bem-aventurado Pedro, o Filho
de Jonas, porque ele abriu seu coração à revelação divina e reconheceu
Jesus como o Filho de Deus Salvador. Deixou um exemplo magnífico, pois
é assim que devemos nos postar diante de Cristo. Da fé recebida de
nossos pais, dos catequistas, dos sacerdotes, dos amigos, dos mestres,
nós devemos passar a uma fé personalizada em Jesus, nos tornarmos, por
nossa vez, suas testemunhas porque é nisto que consiste o centro da fé
do cristão, fé que deve crescer e se irradiar. É unicamente a partir
desta nossa fé e de nossa comunhão com Cristo que nós vencemos as
potências do mal. O reino da morte se manifesta no meio de nós,
causando-nos sofrimentos e nos incitando a levantar questões muitas
vezes contrárias aos ensinamentos de Cristo, mas o Reino dos céus se
manifesta entre nós e igualmente em nós despertando a esperança. A
Igreja que é o sacramento deste Reino no mundo, fundado sobre a rocha
da fé professada por Pedro faz nascer em nós a certeza e a alegria da
vida eterna. Enquanto houver seres humanos no mundo a esperança nesta
vida eterna será necessária e esta é a missão da Igreja e, por isto, o
poder do inferno jamais prevalecerá, porque Cristo presente no seu
povo lhe é a garantia de um novo céu e de uma nova terra. Eis porque a
resposta de Pedro ultrapassou os limites terrenos e foi além da carne
e do sangue, isto é, de um parecer meramente humano e além dos
critérios habituais nas sociedades desta terra. O Cristo apresentado
por Pedro supõe adeptos aptos às novidade de Deus. Trata-se do Messias
esperado que abriria para todos um futuro luminoso, Abre-se então a
perspectiva de um mistério que fascina, centrado na pessoa de Jesus,
que poderia se dizer Filho de Deus. Eis por que a figura de Simão
Pedro, de Simão o Rochedo, tem um significado profundo. Seu privilégio
é ser a pedra de fundação, o arauto da Palavra divina, o responsável
dos Doze, o decimo segundo pastor após Jesus. Todos os cristãos são
pedras vidas, inseridas na construção do Filho de Deus. Aí está a
razão pela qual o batizado deve ser também pedra de fundação, quer
para cada família, quer nas diversas tarefas que lhe são confiadas.
Que todo batizado tenha a dita de poder, realmente, dizer ao deixar
esta terra: “O mundo ficou melhor eu por ele passei!” Para isto é
preciso seguir o caminho aberto por Pedro, ultrapassando sempre a
carne e o sangue, ostentando uma fé e uma confiança que vão além dos
desígnios terrenos, podendo sempre dizer a Jesus: “Tu és o Cristo, o
Filho de Deus: à Ti entrego todas as minhas forças, hoje e para
sempre!”. Donde ser necessário corresponder às inspirações de Deus que
pacientemente, paternalmente, nos atrai para Jesus, para a Igreja de
Cristo, reunidos fraternalmente em torno de Pedro, o Vigário do
Unigênito do Pai, guiados pelos mestres que Deus suscita e que nos
oferecem a luz de Jesus. Estar sempre entre os que confessam Cristo,
que Lhe são fiéis e que O aceitam. Uma vez por todas fazer Jesus
Salvador conhecido e amado, cônscios todos de sua missão na Igreja do
Filho de Deus. Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos