Ao apresentar Jesus como o Cordeiro de Deus, João Batista O mostrou como quem existia desde sempre, portador do Espírito Santo, o Messias, o Filho de Deus (Jo 1, 29-34). A imagem do cordeiro era em si um resumo da história da Aliança, dado que ela evoca o cordeiro pascal do Êxodo, cujo sangue, indicando a casa dos hebreus, os protegeu na noite de sua libertação.
Figurava também o Servidor sofredor descrito pelo profeta Isaias, levado ao matadouro como cordeiro por causa dos pecados de seu povo. Além disto, prefigurava o cordeiro vencedor que devia destruir o mal no mundo. Ali estava aquele que era o Verbo Encarnado, que assumira a natureza humana a fim de resgatá-la com seu sacrifício redentor. É de se notar que o evangelista sublinhou que o Espírito no batismo desceu sobre Jesus que O comunicaria aos homens que viessem até Ele pela fé. Maravilhoso o testemunho de João Batista que deixou claro ter o Pai santificado Jesus e O enviado ao mundo para construir a paz.
Ele foi dado aos homens como o salvador que se tornou um companheiro de seus seguidores na caminhada para o céu. O importante seria sempre uma crença profunda naquele que era o Messias, o Filho de Deus. Para todas as gerações cristãs São João Batista estaria assim apontando o Cordeiro de Deus como único meio de salvação. Daí o significado profundo das palavras do celebrante antes da comunhão dos fiéis: “Eis o Cordeiro de Deus que tira pecado do mundo”. Este divino salvador teria sempre compaixão de seu povo, dando-lhe o perdão de suas faltas por entre a miséria dos males morais que devem levar não à desesperança, mas à mais total confiança. De fato, arrependidos, graças a Jesus, os pecadores podem deparar o perdão divino. Trata-se da vitória sobre o pecado, desde que o arrependimento seja sincero e absoluto.
Cordeiro de Deus triunfador do mal que afasta todas as diferenças e triunfa sobre todas as indiferenças, sempre mostrando que a fraternidade deve reinar entre os seus discípulos. Deste modo, novos caminhos se abrem dentro dos corações. É Jesus assim oferecendo através dos tempos sua paz garantindo a esperança na vida eterna. Fica claro, porém, que para receber Cristo no seu mistério redentor as luzes do Espírito Santo são indispensáveis. Iluminados por este Espírito os cristãos podem ultrapassar o visível para atingir as maravilhas invisíveis, penetrando fundo nas revelações trazidas pelo Filho de Deus a esta terra. O fiel pode então atinar com a verdadeira personalidade de Jesus a qual escapa aos olhos terremos, bem como sua presença insubstituível. Isto se dá com um crescimento de cada um que se transforma dia a dia, docilmente, até poder repetir com São Paulo: “Já não sou eu quem vive é Cristo quem vive em mim”! É desta forma que o cristão se torna testemunha viva do Evangelho com uma mente incorrupta, imune aos dardos terrenos e armado com as armas da fé.
Trata-se de fazer a experiência da graça neste encontro com Cristo, o Cordeiro de Deus, que age em cada um através do Espírito Santo. Deste modo, a revelação feita por São João Batista se perpetua pelos séculos afora até s extremidades da terra. O essencial é que todos os cristãos estejam sempre dispostos a acolher Jesus, o Cordeiro de Deus, com confiança e amor para se tornarem luminosos e intrépidos num mundo hostil às verdades sobrenaturais.
Jesus, realmente, é o Cordeiro que tira o pecado do mundo numa missão divina sublime. É que o amor de Jesus é um amor infinito que o levará a ser imolado no Calvário para assim resgatar toda a humana linhagem. É de bom alvitre fixar que o pecado que este Cordeiro de Deus remove é a recusa do ensinamento que Ele nos transmitiu, enquanto homem, da parte de Deus, é a recusa a ouvir as inspirações celestes, é não querer ver as maravilhas que o Criador opera em derredor de cada um. Jesus veio para salvar aqueles que estão na sombra dos erros e os quer colocar no caminho da virtude, praticando o bem e evitando o mal. Aquele que não reconhece seus erros morais não conhece Jesus. Este, com efeito, vem àqueles que O procuram para mostrar como remover o pecado e suas consequências funestas. É este também o papel do Espírito Santo (Jo 16 8-9). Cabe ao cristão estar atento a tudo isto.
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.