O banquete nupcial

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A parábola do banquete nupcial (Mt 2,1-14) tem oferecido aos
hermeneutas, aos intérpretes da Bíblia, inúmeras interpretações.
Aqueles que fazem uma leitura histórica deste texto reconhecem nesta
página do Evangelho o drama da aliança no Antigo Testamento. Deus
convidou seu povo para entrar em aliança com Ele, partilhando seu
amor. Este convite figurado então num chamado para um festim de
núpcias, uma união celebrada entre seu Filho e a humanidade.
Infelizmente, os homens têm respondido mal a este chamado divino ou
com indiferença, ou com desprezo e até com rejeição dos profetas que
falaram em nome do Senhor. O plano traçado por Deus entretanto
permanece, uma vez que a malquerença e até a hostilidade para com seu
próprio filho da parte de alguns permitiu que o convite para aquele
banquete nupcial fosse estendido a um grande número de pessoas. Isto
se deu na Nova Aliança. Jesus foi claro ao afirmar que Ele veio a este
mundo “para que todos tivessem a vida e a tivessem em abundância” (Jo
10,10). Esta ampla abertura das novas núpcias na Nova Aliança foi uma
demonstração de afeição sem limites para com toda a humanidade, causa
de um imenso júbilo. Tudo isto proporcionando uma gratidão imensa para
com este Deus três vezes santo. Imersos nesta alegria os que procuram
corresponder a tanta bondade não lhes cabe julgar os ingratos para com
o honroso convite divino. Adite-se que o fato de um dos convidados ter
entrado no banquete sem a vestimenta apropriada e ter sido expulso e
atado de pés e mãos. sendo lançado nas trevas exteriores, é um alerta
para o comportamento daqueles que desejam ser fiéis a Jesus Cristo. O
rei da parábola condenou severamente o ousado que entrou sem ter traje
adequado para aquela celebração. Para os cristãos através dos tempos
cabe aqui uma leitura simbólica, ou seja, a vestimenta das núpcias
simboliza bem as boas obras realizadas pelos batizados. A graça
santificante conservada pelas boas ações cotidianas são indispensáveis
para estar no banquete do grande Rei Jesus. Aliás, punição semelhante
a desta parábola merece aquele que ousa ir ao banquete eucarístico,
comungando em pecado mortal, sem estar em estado de graça. É o alerta
de São Paulo a quem vai comungar: “Examine-se, pois, cada qual a si
mesmo e assim coma deste pão e beba deste cálice, pois quem come e
bebe sem fazer distinção de tal corpo come e bebe a própria
condenação” (l1 Cor 11,27-30). Torna-se, de fato, réu ao participar
indignamente, não estando em estado de graça. São Jerônimo comenta
esta passagem do Evangelho sobre o banquete nupcial dizendo que o
traje deste banquete sagrado são as obras realizadas segundo a lei do
Evangelho. Trata-se do traje do homem novo. Com razão, o sacerdote
antes de iniciar a distribuição do pão eucarístico proclama: “Felizes
os convidados para a ceia do Senhor”, ou seja, os que se acham
preparados para uma fervorosa comunhão, para participar do banquete de
Jesus. O banquete eucarístico nesta terra é o anúncio e uma
antecipação do grande festim da eternidade lá na Casa do Pai. A graça
santificante supõe que o coração do fiel se acha revestido de ternura,
bondade, humildade, doçura, paciência. Pela sua conduta os convidados
para este banquete por suas boas obras se ajustam à grandeza deste
festim entrando em comunhão com Deus. Eis porque o cristão que se
prepara para comungar está numa transformação contínua, transformação
exterior e interior. A Eucaristia é um banquete maravilhoso oferecido
a todos de boa vontade. A participação digna na Eucaristia, porém,
está ligada a uma maneira de viver que torna o cristão apto para
compartilhar da mesa eucarística e para entrar um dia no banquete das
núpcias eternas. Como falou São Paulo aos Gálatas, “todos quantos em
Cristo fostes batizados, de Cristo vos revestistes” (Gal 3,27). Nisto
consiste a santificação: (1 Ts 4, 3a). Deste modo esta Parábola do
banquete nupcial lembra esta realidade sublime de que o cristão é o
homem novo de que fala São Paulo, assim revestido de Cristo com o
qual estará por toda a eternidade, após recebê-lo em comunhão aqui na
terra. Isto se formos encontrados “vestidos e não despidos”, como
lembra o Apóstolo. (2 Cor 5,3), Este homem novo foi criado segundo
Deus na justiça e na santidade da verdade (Ef 4,22-24). Numerosas
lições oferece, deste modo, o Evangelho de hoje. Convidados para as
núpcias do Cordeiro o cristão deve consciente e livremente dar uma
sábia resposta ao convite de Deus para participar de tão honroso
convite da aliança com Ele nesta e na outra vida. Todo descuido trará
consequências funestas. Impedindo o acesso aos espaços de tão sublimes
banquetes, no tempo e na eternidade. *Professor no Seminário de
Mariana durante 40 anos.

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