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O DINHEIRO DA INIQUIDADE

Como observam vários comentaristas do Evangelho de São Lucas (16,
1-13) muitos poderiam pensar que todo dinheiro é perverso e queima os
dedos do cristão. Entretanto, esta não é a lição que Cristo quer
ministrar no referido texto. Com efeito, Jesus de Nazaré conheceu a
bela nobreza do homem que ganha a vida pelo trabalho de suas mãos. Ele
reconhecia o justo preço da obra bem feita e como todo artesão
consciencioso merece seu salário. Além disto, o grupo de seus
discípulos era organizado e tinha um ecônomo, ainda que pouco fosse o
que possuíam. Este ecônomo, Judas, se tornou escravo do dinheiro e
traiu o Mestre divino. Além disto, algumas mulheres que também seguiam
Jesus desde a Galileia e “muitas outras” os ajudavam com seus haveres
(Lc 8,3). Jesus e seus doze apóstolos não viviam de ar e, sem dúvida
alguma, apreciava Ele a ajuda destas mulheres e não lhe dizia:
“Guardai vosso dinheiro, porque ele é coisa má”. Então que era aos
olhos de Cristo “o dinheiro da iniquidade”? Era aquele que era ganho
de uma maneira perversa e aquele que se tornava um poder de injustiça
ou de opressão e, sobretudo, o dinheiro que levava a uma escravidão
quem o possuía ou o desejava possuir Eis porque Jesus não empregou a
palavra dinheiro, mas a palavra “Mâmôn” que no judaísmo no seu tempo
designava a riqueza, o ganho, frequentemente o ganho mal adquirido, e
também as seguranças ilusórias deste mundo, opostos à confiança dos
pobres de Israel no seu Deus. Uma vez bem conceituado o sentido do
“dinheiro da iniquidade” se percebe que esta passagem do Evangelho
oferece um resumo de todo o ensinamento do Mestre divino sobre o
dinheiro. Este deve nos servir para cultivar amigos que nos acolherão
como irmãos na vida futura lá onde o dinheiro não nos será mais
necessário, nem para nós, nem para eles. Isto se liga a uma outra
parábola de Jesus: “Ajuntai tesouro lá no céu” (Mt 6, 19). Cristo
sublinha, em seguida, que nossa honestidade nas coisas da terra
permite a Deus nos fazer confiança nos interesses do Reino dos céus.
Além disto, administrando os bens deste mundo devemos pouco a pouco
nos associar a Deus no grande trabalho da redenção humana. Aí está o
bem verdadeiro dos filhos e filhas herdeiros de Deus e coerdeiros de
Cristo. Jesus, além do mais, acrescenta que não se pode servir a dois
senhores, ou seja a Deus e aos haveres terrenos, dado que, neste caso,
um excluirá o outro. Ou se servirá a Deus ou às gloríolas efêmeras
deste mundo, endeusando tantas vezes o amor próprio, cultivando o
egoísmo, o apego às coisas materiais. É preciso, de fato, optar por
Deus ou as falsas ilusões que o apego ao dinheiro pode oferecer. Ou
Deus ou a divinização do poder terrestre. Portanto ou Deus ou o Mâmôn,
ou Deus ou o ganho condenável, ou Deus ou as seguranças imediatas
mundanas. Um dia tornará para cada um de nós bruscamente inúteis todas
as nossas posses e jogará por terá toda servidão ao dinheiro em si.
Todas essas considerações, porém, não devem levar a uma atitude de
indolência e má compreensão do trabalho honesto a ser feito e que gera
o subsídio para viver bem a vida que Deus oferece ao bons seguidores
de Jesus. O importante é que no meio das transitoriedades deste mundo,
se estabeleça firmemente nosso coração lá onde estão as verdadeiras
alegrias, tudo conforme os ensinamentos de Jesus. O Mestre divino
dizia: “Lá onde está vosso tesouro, lá estará o vosso coração” (Lc 12,
34). Portanto, cumpre fugir do dinheiro enganador. Para o autêntico
seguidor de Jesus as riquezas lhe são somente emprestadas e ninguém é
delas proprietário, mas administrador. Um dia se dará contas a Deus de
tudo que dele se recebeu. O bom emprego da riqueza honestamente
adquirida consiste em fazer com ela o bem, ajudando os mais
necessitados, fazendo dela um meio de partilha. O dinheiro não é um
mal em si mesmo mas pode ser instrumento de benefícios para o próximo,
dando oportunidade de fazer muito bem aos outros. Cada um deve
examinar o que faz do dinheiro que ganha honestamente, examinando de
onde lhe vem os recursos de suas atividades. Cumpre resistir sempre às
tentações do Maligno e não se deixar levar pelos cuidados excessivos
do dinheiro. É preciso ser sempre generoso, disposto a ajudar os mais
necessitados para poder gozar de paz interior e alegria. Em tudo é
necessário respeitar o evangelho e a moral cristã. Procurar a
solidariedade que ofereça ao próximo um viver digno de um ser humano,
um futuro concreto, oferecendo aos outros boas soluções para a vida
deles. Nisto é que deve consistir a habilidade dos filhos da luz. No
Evangelho de hoje Jesus alerta sobre a habilidade que muitos colocam
em solucionar os problemas terrenos e a falta de engenhosidade da
parte dos filhos da luz na construção do Reino do céus: “Os filhos
deste mundo são mais hábeis entre eles do que os filhos da luz”. É
preciso estar atentos, porque o coração humano continua a ter os mesmo
limites e indigências de sempre. Hoje em dia também se ouve falar do
tráfico de influências, de corrupção, de enriquecimento ilícito, de
falsificação de documentos e outros erros como na época de Jesus. A
Deus, porém, não se engana com as aparências humanas e sua
mediocridade. O cristão não fala nunca de astúcia, mas do interesse
em praticar. Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos

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