A interação com o Senhor da Messe e Bom Pastor faz emergir em nós a coerente resposta aos Seus apelos. A vocação é uma iniciativa de Deus que chama e consagra na missão. É ilustrativo o episódio da Cura de um Cego, aparece na parte central do Evangelho de Marcos (10,46-52). É o ponto de chegada de uma longa instrução e preparação de Jesus aos discípulos sobre a cruz, o Messias-Servo e a necessidade de conversão. Além de depender da fé de quem é contemplado pelo gesto libertador, percebemos como Jesus envolve os discípulos em sua ação.
Os discípulos de Jesus participam de sua missão. São eles que conduzem o cego Bartimeu até Jesus: “Chamai-o”. Chamaram o cego, dizendo-lhe: “Coragem, levanta-te, Ele te chama”. Jesus nos ensina a trabalhar comunitariamente, inserindo pessoas que estão à beira do caminho a participar da construção e habitar no Reino.
Os gritos de Bartimeu são a esperança de Israel na ajuda divina. É um incômodo o lamento dos pequenos, por isso a multidão o repreende exigindo que se cale. Teimoso, ele continua a gritar porque sabe que Deus escuta o clamor de quem O busca (Ex 2,24; 3,7-8; 6,5).
Diante da mendicância e cegueira de Bartimeu, a compaixão de Jesus se concretiza no chamado que o faz abandonar o manto e, saltando para perto de Jesus, faz a experiência do diálogo com o Senhor. Pela fé, torna-se discípulo missionário.
A comunidade eclesial é posta diante do horizonte a que tende o sacerdócio: a vocação à santidade. Aqueles que foram escolhidos para o serviço do povo de Deus, que receberam a imposição das mãos e foram ungidos para esta missão, têm um dever especial de ser sinais da santidade.
Na verdade, trata-se de um apelo universal, conforme nos exorta Paulo: “Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (l Ts 4,3). Há muito, a Igreja tem insistido claramente neste apelo, quando assegura que todos são chamados a seguir “a Cristo, pobre, humilde e carregado com a cruz, (…) cada qual com os próprios dons e responsabilidades, pelo caminho da fé, que alimenta a esperança e opera pela caridade” (Lumem Gentium 41).
Em que consiste a santidade? Podemos dizer que santidade significa “ter os mesmos sentimentos” de Jesus Cristo: verdadeira paixão pelo Reino; profunda compaixão pelo próximo, sobretudo os mais sofredores. “Como santos e amados, revesti-vos de sentimentos de carinhosa compaixão, bondade, humildade… Mas sobre tudo isso, revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição” (Cl 3,12-14).
Esta vocação à santidade na vida do Padre o insere no contexto da sociedade: “Os Presbíteros, assumidos dentre os homens e estabelecidos em favor deles em suas relações com Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados (Hb 5,1), vivem com os demais como com irmãos. Foi desta forma também que o Senhor Jesus, Filho de Deus, enviado pelo Pai na qualidade de homem para os homens, habitou entre nós e quis por todas as coisas assemelhar-Se aos irmãos, exceto, no pecado (Hb 2,17; 4,5). (…) Não poderiam ser ministros de Cristo, se não fossem testemunhas e dispenseiros de outra vida que não a terrena, mas nem sequer poderiam servir os homens, caso se mantivessem alheios à sua existência e às condições de vida” (Cf. Presbyterorum Ordinis, nº 3).
Os teólogos, ao aprofundar a temática do ministério ordenado, destacam, dentre outras, as mudanças no estilo de pregação. As homilias foram tornando-se cada vez mais simples, diretas no seu estilo
e bíblicas no seu conteúdo. As figuras de retórica cedem lugar para a linguagem narrativa, incisiva, existencial.