Pela filosofia e pela teologia, ou seja, pela razão e pela fé, professamos a soberania absoluta de Deus sobre toda a criação, obra realizada pelo seu poder infinito. Assim sendo, ao Ser Supremo estão subordinados os seres contingentes e, jamais, cabe ao homem estabelecer normas que afrontem ou excluam o Ente subsistente.
A essência metafísica de Deus O constitui Soberano Senhor de tudo, regendo o Cosmos com sua Providência admirável. Todos os deveres das criaturas racionais fluem imperiosamente do direito de Deus, Criador e Legislador universal, sendo que os direitos humanos sobre os seres em geral ou sobre todas as suas atividades só têm valor conforme sejam expressões ou determinações do direito universal e inalienável de Deus. Daí se segue que a inteligência humana deve ao Criador a adoração em espírito e verdade, por ser Ele o Senhor de tudo. À vontade do homem cabe eleger a Deus como fim supremo de todas as atividades, além de se conformar ao querer divino que se manifesta quer na lei natural, quer nas leis positivas.
Adite-se que o direito dos homens nada pode prescrever que marginalize Deus e isto por um princípio lógico elementar. Qualquer manifestação, seja de que tipo for, agredindo a honra do Todo-Poderoso deve ser execrada como a mais repelente das atitudes. Deus ultrapassa qualquer discussão que envolva questões religiosas ou jurídicas por se tratar da Causa primeira do ser, Causa, que dá origem a tudo mais. Ele, Ser Supremo, distinto do mundo merece todo o respeito e todas as homenagens de suas criaturas.
É a partir destas considerações que deve o ser criado se colocar perante o o Ser supremo.
Nem sempre é fácil conviver com “o silêncio de Deus”, por que a criatura racional quer muitas vezes abarcar o Infinito e deseja explicações, esquecido de que o silencio de Deus não significa que Deus tenha abandonado o curso dos acontecimentos. Dotado de liberdade, o homem age, por vezes, contrariando as leis universais estabelecidas pelo Criador e daí tantos acontecimentos catastróficos e muitos pensam então que Deus está ausente, quando, na verdade, em tantas ocasiões, foi o próprio homem o grande culpado com suas atitudes errôneas. A Bíblia oferece a melhor maneira de conviver com os momentos do silêncio de Deus. O Antigo e o Novo Testamentos não cessam de proclamar que Deus é o nosso defensor e está sempre ao lado daqueles que O procuram e O amam. Nada mais consolador do que recitar com confiança os salmos. Deus é sempre nosso advogado e quem crê pode se apoiar nele.
É preciso afastar logo qualquer sentimento de abandono e repetir em todas as ocasiões: “Meu Deus, eu confio em vós”! ou este pensamento de Santa Teresa de Ávila: “ Nada te perturbe, nada de amedronte. Tudo passa, a paciência tudo alcança. A quem tem Deus nada falta; só Deus basta!”.
Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.