1.Filha.
Antônio e Amata podiam dizer-se um casal feliz, entretanto faltava-lhes uma descendência. Casaram-se em 1339 e passaram-se 53 anos até a chegada de sua filha. Neste caso não é inútil lembrar que as afirmações destes fatos se deram após escrupuloso e consciencioso exame pela autoridade suprema da igreja e por estar sancionados. E a pergunta é: seria possível relatar a vida dos santos sem acabar tropeçando no que é sobrenatural ou fora do comum?
Felizmente neles tudo foge à vida comum.
Sendo Santa Rita, a filha única de pais muito idosos, podemos imaginar, que devido à idade avançada dos mesmos, à qual Rita era o único amparo, a santa deveria trabalhar da manhã à noite desde seus mais tenros anos.
“Além do trabalho, aplicava-se à obediência, ao sacrifício da própria vontade, coisas tão difíceis para as crianças, […] veremos como Rita, quando conseguiu entrar no convento, era já uma religiosa perfeita” (Marchi, Mons. Luís de . Santa Rita de Cássia. 17ª ed. Editora Paulus. 1994. pg 21)
2.Esposa.
Rita, certamente, desde criança havia aspirado à vida religiosa, mas, não podendo deixar seus velhos pais desamparados, e ainda, por ser uma filha obediente que sacrificava à própria vontade para atender a um pedido de seus pais, acabou unindo-se em matrimônio com Paulo Ferdinando, para atender a vontade de seus pais.
A respeito de Ferdinando conta-se que ele era um homem feroz, vingativo e agressivo, um homem daqueles que não leva desaforo para casa.
A virtude, a paciência e muita oração durante 18 anos fizeram com que o cordeiro vencesse o lobo. Paulo Ferdinando começou a refletir e admirar a incomparável paciência de Rita e teve vergonha de si mesmo. Assim, a graça divina triunfava sobre a natureza selvagem. Paulo agora, estava convertido. Entretanto, muitos daqueles que foram ofendidos por ele tiveram a grandeza de perdoar-lhe, mas não todos.
3.Mãe.
Os historiadores informam com exatidão que Rita teve dois filhos. Alguns dizem gêmeos, outros não. Alguns dizem que um deles se chamava Tiago Antonio, outros João Tiago. Todavia, estão de acordo com relação ao nome do outro filho, que era Paulo Maria.
Enquanto Rita se ocupava da educação de seus filhos, morreram seus pais. Eles faleceram em 1402, ele no dia 19 de março ( dia de S. José ), e ela no dia da 25 de março ( dia da Anunciação). Não há dúvidas do sofrimento de Rita com este acontecimento.
A vida de Rita foi assim, breves sorrisos e novas lágrimas. Desde que Paulo deixou de ser dominado pela paixão de vinganças, poderia-se dizer que a família da Santa era feliz.
4.Viúva.
Quando tudo parecia calmo, o marido de Santa Rita é assassinado. Ferdinando, voltando uma noite para casa, ao passar pelo estreito caminho do rio Carno e não trazendo consigo arma alguma, foi atacado pelos seus inimigos que o mataram cruelmente. Segundo a tradição que foi recontada no processo de beatificação de Santa Rita, ela correu na frente com algumas pessoas, para esconder dos filhos a camisa ensangüentada de Paulo. Ela esconde as roupas manchadas de sangue porque temia que os filhos, à vista do sangue do pai, se sentissem chamados à vingança e mais tarde se tornassem criminosos.
Foi preciso muita oração daquela santa mãe para aplacar a sede de vingança dos corações de seus filhos, mas o ódio crescia em seus corações. Foi então que Rita ofereceu seus filhos à Deus porque preferia vê-los mortos que criminosos. Deus ouviu sua oração e dentro de um ano, os dois jovens foram atingidos por uma doença e faleceram. Foram sepultados junto a seu pai na Igreja de São Montano. Uma profunda dor atravessou o coração daquela viúva e mãe.
5.Religiosa.
Pais mortos, esposo e filhos mortos. Rita, retoma assim o ideal da vida religiosa, o desejo de ingressar no Convento de Santa Maria Madalena, convento agostiniano de Cássia. Diversas vezes bateu às portas do convento, mas foi rejeitada. Recorreu à oração, às mortificações, às boas obras e, embora vivendo no mundo, levava uma vida onde observava fielmente os preceitos evangélicos.
“Reza uma piedosa tradição que os santos padroeiros de Santa Rita, São João Batista, Santo Agostinho e São Nicolau de Tolentino a tomaram nos braços no Rochedo de Rocca Porena e a transportaram para dentro do convento, para espanto e convencimento da abadessa e de todas as religiosas. Claramente a lenda quer significar que Rita atribuiu a seus santos patronos a obtenção da graça.”(Besen, Pe. José Artulino. Coleção: Os grandes santos. Santa Rita de Cássia. Jornal Missão Jovem. 2002. pg 14).
Quando as religiosas desceram para se reunir ao coro, ficaram estupefatas ao encontrar a santa mulher que tinha sido insistentemente rejeitada. E o detalhe é que o convento era fortemente fechado, não havia como arrombá-lo. Isso explica o motivo pelo qual ela foi aceita e vestiu o hábito de monja agostiniana em Cássia, aqui ela já estava com 36 anos.
Rita mantinha suas características de obediência, esta à sua Madre Superiora era total, e a Madre, para lhe pôr à prova, ordenou-lhe que regasse de manhã e de tarde um galho seco, uma cepa de videira já destinada ao fogo. E Rita assim o fez, toda manhã e toda tarde desempenhava esta tarefa. Muito tempo durou isso, coisa aparentemente inútil, mas que alcançava à boa noviça méritos no céu. Certo dia, entretanto, da haste seca, surgiram brotos e folhas, e assim se desenvolveu maravilhosamente uma videira, dando a seu tempo deliciosas uvas. Rita ali viveu 40 anos.