OS ENVIADOS DE JOÃO BATISTA

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O trecho do Evangelho de São Mateus focalizando o Precursor que,
estando no cárcere, envia discípulos até Jesus interrogando-O sobre
sua missão, de início, levanta, algumas questões (Mt 11,2-11). Assim,
por exemplo: o Evangelho de Jesus é ainda capaz de falar a nossos
contemporâneos, ou é preciso inventar um discurso diferente? O estilo
da ação de Cristo, aquele das Bem-aventuranças, pode ainda salvar o
mundo ou é necessário um outro tipo de manifestação? Estas questões
podem ter surgido para João Batista ao verificar a maneira de falar de
Jesus que era bem diversa do seu modo de agir. Ele conheceu então uma
rude prova para sua fé, uma incerteza tal que o levou a colocar sua
dúvida através de seus próprios seguidores. Em síntese a questão
decisiva proposta a Jesus foi esta: “És tu Aquele que deve vir, (o
Messias aguardado por Israel) ou devemos esperar um outro?” Ninguém
melhor do que o Batista havia sentido as aspirações de seu tempo, o
extraordinário desejo de liberdade, autenticidade, que borbulhava no
povo judaico. Os tempos, naquele momento, eram duros para todos que
desejavam ser fiéis. Havia os Romanos, ou seja a paz pela força. Havia
também a propaganda oficial a favor dos deuses do Império. Havia
outrossim o poderio das transações comerciais do ocupante e as
práticas fáceis de uma civilização já decadente. João Batista iniciara
sua pregação de preparação dos caminhos de Jesus, vindo do deserto
longe das grandes cidades. Centenas tinham ido até ele, o asceta, o
homem que lutava para purificar os costumes, aparando os vícios,
cortando os erros. Eis porque seus ouvintes haviam escutado uma
palavra estranha, até então não ouvida, até revolucionária clamando
veementemente: “Arrependei-vos porque o Reino de Deus está próximo”.
João Batista era um homem de uma só ideia: “Deus não admite o pecado”.
Era isto que ele havia dito nas bordas do Jordão ao povo, aos
soldados, aos funcionários. No palácio de Herodes ele foi claro: “Tu
não tens direito de ter a mulher de teu irmão!” Agora ele estava na
prisão. Entretanto o que lhe importava era que ele havia podido
reconhecer o Messias que se esperava e falado dele aos seus ouvintes
como “Aquele que iria tirar o pecado do mundo”. Ele sempre se julgou
inferior a Jesus: “Ele deve crescer e eu diminuir”. Ele mesmo disse
que ele era uma a voz que gritava no deserto. Agora, na prisão, ele
ouvia falar das obras de Cristo, de sua pregação, de seu estilo
peculiar. João jejuava, Jesus comia e bebia com todo mundo, mesmo com
os pecadores. João havia predito: “Já o machado está posto à raiz das
árvores e toda árvore que não der frutos será cortada e lançada ao
fogo”. Jesus recusou o estilo de um messias guerreiro e
nacionalista, pregando a ternura de Deus. João gritava, Jesus em vez
de agitar as massas, dedicava o tempo para reencontrar cada um e cada
uma, como um ser insubstituível. Como Messias recusava toda libertação
pela força e mostrava o essencial: Deus vindo ao encontro do homem.
João estava na prisão confuso sobre a obra que realizara e manda seus
discípulos perguntar a Jesus: “És tu aquele que deve vir ou devemos
nós aguardar um outro”? Jesus responde através de fatos e por uma
citação da Escritura: “Releia Isaias e verás isto: Então os cegos
recuperam a vista, os coxos andam, os leprosos são limpos, os surdos
ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres é anunciada a boa nova.
Feliz aquele que não encontra em mim uma ocasião de queda”. Eis aí o
drama da esperança que nós também vivemos hoje. Nós sabemos que, em
Jesus, Deus nos deu tudo: o perdão, um caminho de vida, a esperança da
glória eterna. Alguns, porém, estando agitados perguntam: “Senhor a
quem iremos nós? Somente vós tendes palavras de vida eterna e mais
ninguém nos pode ajudar!” Dizem também ser Ele a Cabeça do Corpo que é
a Igreja, mas que o modo como esta Igreja cresce na terra muitas vezes
os desconcerta. É que quereriam uma Igreja triunfante e a veem tantas
vezes perseguida e envolvida nos percalços da história. Nós muitas
vezes desejamos uma Igreja mais audaciosa, mas ela avança ao passo de
pecadores que são os seus membros. Não se trata assim da Igreja que
imaginamos. Ela é santa e pecadora, ou seja, santa na sua estrutura
estabelecida por seu Fundador, mas pecadora nos seus membros, frágeis
criaturas. É preciso que creiamos ser Cristo o Redentor absoluto do
mundo, mesmo que sua mensagem não nos coloque no mundo em posição de
força, porque a atitude do cristão no mundo deve ser a do serviço,
visando o futuro de nossas comunidades e para isto é preciso
atravessar o deserto de nossas incertezas. É necessário atestar com
convicção que Cristo hoje ainda é a força da salvação para o mundo em
marcha. Ele abre um caminho de doçura e de perdão. Em todas as
circunstâncias Ele é nossa salvação e é aquele que se manifestou
aos seguidores de João Batista como o Messias que deveria vir a este
mundo. Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos

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