Os Reis Prostrados o Adoraram

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Na solenidade da Epifania celebramos a manifestação do Senhor (Mt
2,1-12). Trata-se da primeira revelação do poder de Jesus aos povos
da terra. Os raios do Sol divino se levanta manifestando–se ao mundo
que estava envolto nas trevas. Aparece o plano universalista do
Redentor, de sua missão tão vasta a ponto de abranger todo o mundo,
não apenas o povo judeu. Uma estrela esteve a serviço do Rei de todas
as nações, indicando um soberano que nasceu para remir todos os
homens. Não nos importa saber de que parte vieram os magos, que, do
longínquo oriente, eram representantes de todas as nações da terra sem
se mostrarem revestidos de planos terrenos, de uma política humana.
Apresentam-se sem imposições, guiados por um astro que os convidava a
homenagear um pobre menino, cujo reino não era deste mundo, mas que
estava aberto aos pagãos,. Os magos procuravam o lugar onde nasceria o
rei cujo força era universal. Nos presentes por eles ofertados estava
significado o mistério oculto em uma humilde criança. Aquele menino
era Deus e por isto lhe ofertam incenso, era Rei e isto bem
simbolizado no ouro trazido, era o Salvador que redimiria a humanidade
pelo sacrifico de sua vida, donde a mirra que era oferecida, já
lembrando inclusive o doloroso sacrifício do Calvário. Cumpre, porém
admirar e também imitar a obediência dos Magos ao chamado divino, no
qual era mostrada a vocação de todas as gentes. Tudo isto devido a uma
fé profunda que reinava no coração daqueles agraciados reis da terra
que empreendem uma longa viagem para adorar o Rei dos reis. Admirável
a disponibilidade e sua prontidão em seguir a estrela numa confiança
total em Deus. Nem se deve esquecer sua paciência e perseverança,
quando momentaneamente a estrela desapareceu. Não desanimaram,
indagaram e foram recompensados com o reaparecimento do meteoro que os
levou até onde estava o Menino. Por tudo isto cumpre receber tão
preciosas lições que devem levar a uma total correspondência às
inspirações divinas. Na narrativa de São Mateus aparece ainda uma
personagem que contrastava com a bondade de Jesus, ou seja, Herodes o
cruel. Surge claramente o conflito entre o Messias, “o rei dos Judeus
que acabara de nascer” (Mt 2, 2) e o Rei que apareceria como
símbolo da recusa em acolher Cristo e sua mensagem salvífica. Jesus
seria recebido pelos homens de boa vontade, mas seria rejeitado pelos
governantes de seu povo. A partir de seu encontro com Jesus os Magos
que se mostram homens repletos de notáveis virtudes rompem
definitivamente com um soberano ambicioso que quer assassinar o Menino
que eles vieram homenagear. Deus, contudo, os adverte não por uma
estrela, mas por um anjo como Ele faz com seus eleitos. É sob o fundo
teológico do texto de São Mateus que os detalhes por ele narrados
tomam seu verdadeiro valor, oferecendo ensinamentos preciosos. O fato
dos Reis magos voltarem para sua terra por outro caminho para evitar o
impiedoso Herodes traz uma valiosíssima lição. É preciso sempre que os
verdadeiros seguidores de Cristo evitem seus inimigos. Em nossos dias
muitos são aqueles que se deixam contaminar pelos meios de comunicação
social e seus programas que pregam exatamente o contrário do Evangelho
de Jesus, não tendo a coragem de banir tudo que está em desacordo com
a doutrina do Mestre divino. Os Magos, vindo do Oriente, eram sábios
astrônomos que se colocaram em marcha para o Cristo Messias, e tendo-O
encontrado romperam com quem O queria matar. A fuga das ocasiões que
colocam a fé em perigo deve sempre ser a atitude do verdadeiro
cristão. É de se notar que aqueles sábios viram na estrela um sinal,
ligando-a ao astro a que se refere o Livro dos Números como um dos
símbolos do Messias esperado: “Surgirá uma estrela de Jacó e surgirá
um astro de Israel. (Num 24,17). Já os teólogos da Idade Média haviam
notado que não se tratava de um corpo celeste ordinário, dado que seu
brilho era intermitente e de um movimento descontínuo. A mensagem
messiânica de toda a cena é também sublinhada pelo texto do profeta
Miquéias que os escribas citam imediatamente a Herodes: “E tu Belém,
terra de Judá, já não és a mais pequena entre as principais cidades de
Judá, porque de ti há de sair um Príncipe que regerá o meu povo,
Israel” (Mi 5,1). Assim sendo, para São Mateus, a chegada dos Magos a
Belém marca o cumprimento das promessas da antiga aliança e, ao mesmo
tempo, anuncia o destino de Cristo. Os Magos chegando não viram senão
um menino, mas o Evangelista se refere ao que a fé devia claramente
ver naquela criança, a saber, o Pastor do povo de Deus. O texto de São
Mateus deixa igualmente entrever o destino de Jesus que seria marcado
pelo drama da descrença. Herodes só pensava no seu poder e se torna um
perseguidor a quem interessava apenas a construção de cidades
terrenas. Os escribas conheciam a fundo as Escritura, mas não agiram
em consequência. Os estrangeiros, viajaram por que perceberam os
sinais divinos no profundo de sua ciência. Jesus seria através dos
tempos um sinal de contradição.

Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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