É indubitável que não estamos vivendo somente uma época de mudanças, mas uma mudança de época. A dinâmica da vida nos conduz nesse devir humano. Nos últimos anos, sobretudo, esse itinerário da pessoa humana vem agregando transformações, avanços e grandes descobertas. Destaque para as tecnologias. Alguns afirmam que estamos em plena Revolução Tecnológica. De fato, nunca se construiu máquinas tão próximas da perfeição como agora. E essas têm trazido agradáveis benefícios a todos nós. No entanto, como diria Aristóteles, não podemos perder de vista “a justa medida”. Sim, trazem benefícios, todavia quando se esquece do que é essencial e tende para o exagero, perde-se o equilíbrio e a noção do caminho e o sentido da vida pode se esvaziar.
Conhece-se uma máquina e a domina como ninguém, porém nunca estivemos tão estranhos a nós mesmos e tão indiferentes ao outro como agora. Sabe-se tudo de uma máquina, mas quando questionado “quem sou eu?”, depara-se com um silêncio vazio e ensurdecedor. Estamos qual sino que repica nas altas torres. Só fazemos barulho. E o que transmitimos? Ninguém consegue identificar. Transmitimos o que não somos e somos o que a maioria dita. Discrepância entre o real e o vivido, o sentido e o exposto. Praça Publica! Registramo-nos alucinadamente e insistentemente nos registramos, como se fossemos um objeto, um manequim vivo, um monumento, e, em seguida, “postamos” para que o público assista, curta e compartilhe. O quê? Uma idealização… O que se busca? Uma aceitação, uma confirmação daquilo que foi perdido quando a máquina, que não ama, tomou o espaço que era do outro e de mim mesmo. Por isso afirmaram certa vez: a era do vazio!
Queremos ser notados, ser populares, mesmo que isso custe a minha felicidade. Que felicidade buscamos então? Sabemos o que é felicidade? Todos nós estamos em busca dessa, mas parece que alguns realizam o movimento contrário e correm dela. Não querem a encontrar… Sabe o porquê? Porque ela exige perda… Perder aquilo que me esvazia e que me torna ausente de mim mesmo. Quanto mais trabalho aquilo que identifiquei como regressão ou como limitação da minha vida, mais rico, realista e sincero comigo estarei sendo. Dessa forma, a perda não terá a última palavra, pois se ganhará a força de decisão de um propósito de vida autêntica e que entenda as razões do meu existir. Mergulhar-se-á no mar da realidade do meu eu e não mais se sujeitará às escravidões e aos cativeiros das pseudos realidades.
O que nos mumifica hoje? O que paralisa a minha vida? A reflexão ou, como diria Santo Inácio de Loyola, a “auto avaliação diária” é o caminho que auxiliará na dispersão daquilo que nos padroniza. Para nos ajudar ainda mais, precisa-se redescobrir o verdadeiro sentido de amar. Máquinas não amam! Por isso, não podem substituir o contato, o encontro de olhares, o cheiro das árvores e o raiar da luz. Não podemos nos esquecer, principalmente, daquele que é a maior razão e sentido da nossa vida: Deus. Devemos ser iguais ao girassol que se movimenta constantemente em direção ao sol. Nesse movimento encontrou o sentido da sua existência. Se assim não fizer, não dá sementes, seca e morre. O nosso Sol é Deus. Portanto, estejamos sempre voltados à nossa luz verdadeira, ao nosso Deus verdadeiro: Jesus Cristo e tudo mais vos será acrescentado.
Róbson da Cunha Chagas
Seminarista da Arquidiocese de Mariana