Santa Zita: mãos no trabalho e, em Deus, o coração

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1ª MEDITAÇÃO

Zita nasceu em um pequeno povoado chamado Monsagrati (Monte Sagrado), na Itália, em 1218, no ceio de uma família de camponeses. Com doze irmãos e muito pobre, aos doze anos foi levada para trabalhar na casa de uma família rica e nobre de uma cidade próxima chamada Luca. Naquela época, muitas famílias enviavam seus filhos ainda cedo ao trabalho para não pesar tanto nos custos e para que tivessem maiores oportunidades. Sem murmurar, Zita, aceita a proposta da sua família e vai confiando na graça de Deus.

Uma vida de santidade

Por que refletir a história dos santos? Para atualizar no agora da nossa vida os bons exemplos e testemunhos vividos pelos santos. É reaquecer a chama do nosso coração em direção Àquele que é a vida santa. Ser santo não é um privilégio ou um mérito. Ser santo é uma graça, é um dom! É acreditar na graça atuante de Deus, é acreditar que em mim “Ele fará maravilhas”, é se jogar no oceano da misericórdia e do “Amor Ágape” (incondicional) do Deus Providência. É olhar para si, não com um olhar de desprezo desagregador, mas é olhar para si como Filho (a) Amado (a) de Deus Vivo.

Diz-nos o Catecismo da Igreja Católica: ‘Ao canonizar certos fiéis, isto é, ao proclamar solenemente que esses fiéis praticaram heroicamente as virtudes e viveram na fidelidade à graça de Deus, a Igreja reconhece o poder do Espírito de santidade que está nela e sustenta a esperança dos fiéis, propondo-os como modelos e intercessores’ (828). Os santos, portanto, são pessoas como nós que em tudo procuraram ser como Jesus, confiando em sua providência, nos apresentando a real possibilidade de que a santidade é possível e está ao nosso alcance de todos que cultivam as virtudes de Cristo.

Assim foi Santa Zita!

Antes de sua partida para o trabalho, sua devota mãe lhe deu um sábio e o mais nobre conselho que uma mãe deve herdar aos seus filhos: “Em tuas palavras e ações deves sempre perguntar: ‘Isto agrada ou não a Jesus?’”.

O que nos ensina Santa Zita com o seu testemunho de santidade?

Santa Zita nos ensina que devemos ser sempre fieis ao amor de Jesus. Em sua vida, ela não teve a coragem de em nada se parecer com Jesus. Isso é santidade! Buscar todos os dias se configurar, ou seja, fazer de si a imagem e semelhança Daquele que entregou a vida por nós. Em todas as suas atitudes queria saber se estava ou não agradando a Deus. Santa Teresinha do Menino Jesus, depois de muito tempo, também nos ensina: “esquecer de mim para agradar a Deus”. Esquecer de todo sentimento egoísta, de todo escravizador orgulho, de todos os pecados, no sentido de não os praticar, para agradar a Deus.

Como sabemos se estamos agradando a Deus? Olhando a nossa volta, olhando as situações desagregadoras que rugem querendo nos devorar impedindo-as de sobressair, e, sobretudo, na ação de combate a toda e qualquer ação que tende a escravizar a vida dos nossos irmãos, ou seja, é impossível ser santo se não olharmos com o olhar de Cristo para a situação dos nossos irmãos necessitados. O pecado nos escraviza e nos distancia da vida santa. O contrário do pecado é ser luz na Luz, acertando o alvo, é ir ao encontro de Deus e dos irmãos, no amor e no serviço gratuito. Assim, nos ensinou Santa Zita no testemunho de amor a Jesus e no serviço aos irmãos.

Santa Zita, padroeira das Domésticas, rogai por nós!

2ª MEDITAÇÃO

Trabalhando como doméstica para uma família nobre, Zita, não recebia salários, mas vestimenta e comida em troca dos serviços prestados. Seus primeiros anos como doméstica não foram fáceis, tendo sofrido muito, devido ao tratamento dado pelos indiferentes patrões e pelos outros empregados da casa. Podemos nos perguntar então: como ela conseguiu trabalhar neste ambiente durante 48 anos? A resposta é simples: Zita era cristã e buscava na oração a força para suportar todas as humilhações que sofria.

Uma vida de Oração Intensa

Todos os dias, bem cedo, Santa Zita participava da Santa Missa. Costumava dizer que quatro são as qualidades que não podem faltar em uma doméstica: “temor a Deus, obediência, fidelidade e amor ao trabalho”. Como vimos, são quatro qualidades que se tornam realidade somente na vida de pessoas de oração frequente. Prova disso é a forma como Deus a defendeu diante de uma falsa acusação. Assim é narrado: “cheia de inveja e querendo assumir o posto de Zita, uma das criadas da casa acusou-a de distribuir alimentos da despensa da casa entre os mendigos sem autorização dos patrões. Isto seria uma falta bastante grave. Por sua vez, Zita teria muita dificuldade para provar que estava sendo vítima de uma falsa acusação. Quando Zita vinha carregando um grande volume de algo em seu avental, o grande patriarca da casa chegou e, influenciado pela criada invejosa, perguntou a Zita o que ela estava levando escondido no avental. Zita respondeu: ‘são flores’. Então, ela soltou o avental um grande volume de flores caiu e cobriu os pés da santa”.

O que nos ensina Santa Zita com o seu testemunho de oração intensa?

Santa Zita nos ensina que devemos nos dedicar à oração, nos esforçando para sentir a necessidade de rezar várias vezes ao dia. A oração dilata o coração a ponto de torna-lo capaz de conter a doação que Deus faz de si mesmo. Da mesma forma que o alimento é importante para o corpo, é a oração para a nossa alma. Uma vida sem oração é o mesmo que o alimento sem tempero, o corpo sem água ou o mundo sem o sol.

Com este simples e, ao mesmo tempo, profundo testemunho, percebemos o quão é importante para todos, sobretudo neste tempo de tensão na saúde pública, na política e na economia, a vida de oração. Reze do seu jeito, confiando na providência de Deus que agirá, pois não há nenhuma oração, nenhuma prece que brote da sinceridade e da humildade do nosso coração que não chegue ao amável e misericordioso coração de Deus. E, nunca se esqueça, na oração o mais importante ou essencial não é o que dizemos, mas sim o que Deus nos diz e o que Ele diz aos outros com o nosso testemunho de amor, pois sem amor nada podemos ser.

Santa Zita, padroeira das Domésticas, rogai por nós!

3ª MEDITAÇÃO

A vida de Zita foi marcada por grande dedicação aos pobres e aos doentes. Existem relatos de que ela encontrava tempo para visitar os doentes, presos e pobres, dando-os comida, roupa, repartindo o pouco que tinha. Ela conseguiu realizar esse seu trabalho aos pobres até pouco antes de sua morte, no dia 27 de abril de 1278, com sessenta anos. Entretanto, as suas ações de amor ao próximo, sobretudo aos mais pobres, não se encerrou, mas graças e mais graças foram derramadas sobre todos que a invocavam com fé. Sua fama de santidade se espalhou por toda a Itália e pela Inglaterra.

Uma vida de amor ao próximo

Como sabemos Zita sofria muito com as zombarias, perseguições e inveja dos que com ela trabalhavam. Contudo, ela nunca deixou se abater e sempre ajudava aos pobres que até a ela recorriam. Certa vez, deixou os seus afazeres na cozinha e foi ajudar um pobre necessitado. Os outros empregados viram e foram logo contar aos patrões com intuito de a entregar como se fosse algo ruim. Ao chegarem na cozinha para investigar, os patrões encontraram anjos na cozinha fazendo o trabalho da santa. Daquele dia em diante eles a deram mais liberdade para ajudar os pobres.

O que nos ensina Santa Zita com o seu testemunho de amor ao próximo?

Essas atitudes de amor ao próximo, revela-nos a intima união de Santa Zita aos sofrimentos de Jesus Cristo. Da mesma forma como Ele se aniquilou, esvaziando-se totalmente por amor a cada um de nós, ela também se entregava a cada um conforme a sua necessidade espiritual e corporal. Quando há uma ruptura entre eu e Jesus, quando o meu amor está dividido, qualquer coisa pode se oferecer para preencher esse vazio. No entanto, para Santa Zita, seu prazer estava em ser como Jesus foi e é entre nós. Suas atitudes estão cheias do Evangelho de Jesus Cristo.

Quando fazemos uma experiência com a pessoa de Jesus Cristo não nos contentamos em apenas aprisionar esta experiência. Aliás, se assim o for, não fazemos uma real experiência com o Senhor. Seu coração estava tão dilatado em amor que não pensava outra coisa senão ir ao encontro dos mais necessitados e sem esperança. Com seu testemunho anunciava-lhes o Evangelho da Vida e com sua alegria em servir, mostrava-lhes a sensibilidade de Deus Pai, Filho e Espírito Santo.

Que a nossa experiência de Jesus Cristo não seja uma propaganda, como se fosse um produto a ser vendido ou comercializado, como se o Evangelho fosse uma mercadoria para gerar status. O Evangelho de Jesus Cristo é uma realidade viva e performativa, que transforma e nos impulsiona a sair de nós mesmos e ser na vida do outro reflexo da misericórdia de Deus. Senhor, hoje eu te peço: Ensina-me a amar.

Santa Zita, padroeira das Domésticas, rogai por nós!

4ª MEDITAÇÃO

Devido a propagação dos que recorriam ao túmulo da santa, o corpo de Zita foi levado para a Basílica de São Frediano, em Luca. Em exumação ocorrida em 1652 foi constatado que o corpo dela estava inteiro, incorrupto. Por isso, o local se transformou em um lugar de peregrinação, bênçãos, graças e vários milagres aceitos pela Igreja. Por esses motivos, em 1696, sob o pontificado do papa Inocêncio XII, Santa Zita foi canonizada. Mais tarde, Por Pio XII, foi proclamada como padroeira dos empregados domésticos.

Uma humildade do tamanho de Deus

Meditando por esses dias a vida simples e, ao mesmo tempo, de sobeja profundida de Santa Zita, percebi o quanto ela tem a nos ensinar e o quanto precisamos nos converter, diariamente e urgentemente, a Deus. Seu exemplo é tão profundo que parece não ter nos deixado, mas continua caminhando conosco nos auxiliando no labor diário.

A santidade de Zita se reflete em cada gesto de cuidado aos pobres, aos doentes e encarcerados que encontravam nela um abrigo e um colo maternal. Fiquei imaginando Zita ajudando e vendo no rosto de cada um a face de Deus, tocando o corpo deles como se fosse o corpo de Cristo. Sem dúvidas, a sua Eucaristia era vivida diariamente pelas ruas por onde passava e em cada irmão por quem se compadecia.

Santa Zita carregava em seu avental não somente os seus sofrimentos e labutas, mas carregava uma dose de coragem e espiritualidade que nenhum de nós estamos acostumados. Ela optou em não viver somente para si, mas viver a tragédia que abatia milhares de pessoas que para alguns eram desconhecidos e insignificantes. Viveu a história de cada um como se fosse a sua, se tornando uma “lavadora de pés”. Aliás, não é atoa que em sua imagem temos ela de avental, nos recordando aquela profunda noite em que Jesus, com uma espécie de avental, se inclina e lava os pés dos seus discípulos. Lavar os pés significa retirar o homem da indignidade do pecado, purificando e inserindo-o no Banquete da Vida. Imaginem quantas pessoas Santa Zita ajudou a recuperar a sua dignidade e a perceber que somos todos chamados a participarmos da Ceia com o Senhor.

Por fim, dentre os vários ensinamentos, destaco que Santa Zita sempre foi dócil às inspirações do Espírito Santo, sendo obediente no cumprimento das obras do Senhor. Em momento algum parece que ela ignorou as Escrituras, pois “ignorar as Escrituras é ignorar o próprio Cristo”. Jesus Cristo sempre foi a sua fonte para, na missão, ser fonte inesgotável de misericórdia aos irmãos.

Que Santa Zita inspire em nossos corações a necessidade da graça de Deus. Que ela nos inspire a nos libertar do “pensamento prepotente de onipotência”, nos ajudando a redescobrir o nosso nada e que tudo o que temos veio das mãos amorosas de Deus. Tão bonito nos ensinou certa vez Santa Teresa de Ávila: “Não creio que exista alguém que precise mais da ajuda e da graça de Deus do que eu. Às vezes, me sinto fraca e impotente, e talvez por isso Deus se sirva de mim”.

A exemplo da santa das domésticas, Santa Zita, peçamos a Deus, sobretudo neste tempo de pandemia, a graça da humildade e da perseverança nas coisas do alto. Que o nosso testemunho seja o do serviço, do amor e da bondade aos que sofrem. Senhor, ensinai-nos a sermos como Tu para que o mundo creia e se converta ao seu Divino Coração. Amém!

Santa Zita, padroeira das Domésticas, rogai por nós!

Bibliografia

BÍBLIA SAGRADA. Tradução oficial da CNBB. 2ªed. Brasília: Edições CNBB, 2019.

COMPÊNDIO DO CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. Edições Loyola, São Paulo, 2005.

HISTÓRIA DE SANTA ZITA. Disponível em: <www.cruzterrasanta.com.br>. Acesso em: 23 de abril de 2020.

PAPA FRANCISCO. Exortação Apostólica: Gaudete et Exultate. Paulinas Editora, São Paulo, 2018.

QUEM FOI SANTA ZITA?. Disponível em: <www.paroquiasantazita.org.br>. Acesso em: 23 de abril de 2020.

QUINTÃO, Pe. Paulo Dionê. Santa Zita, padroeira das domésticas. Disponível em: <www.santaritavicosa.com.br.br>. Acesso em: 23 de abril de 2020.

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