A Festa de São José Operário foi instituída em 1955 pelo papa Pio XII, pois queria oferecer ao trabalhador cristão um modelo e protetor. Sem dúvidas, São José, é um grande modelo de trabalhador para nós. Assim nos afirma Leão XIII: “ José, de fato de família real, unido em matrimônio com a mais santa e a maior entre todas as mulheres, considerado como o pai do Filho de Deus, não obstante tudo, passou a vida toda a trabalhar e tirar do seu trabalho de artesão tudo o que era necessário ao sustento da família”, destaca.
E José deu a ele o nome de Jesus (Mt 1,25)
Irmãos amados, estamos meditando nesses dias o nobre testemunho de vida deixado pelo glorioso São José. É certo que não há muitos registros deste Santo homem. Contudo, os que se encontram na Sagrada Escritura são suficientes para extrairmos grandes virtudes de santidade que nos convida à acolhida generosa e alegre participação no projeto de Deus. Na história da salvação coube a São José dar a Jesus um nome, fazendo-O descendente da linhagem de Davi, como era necessário para cumprir as promessas divinas. A José coube a honra e a glória de dar o nome a Jesus na Sua circuncisão. O Anjo disse-lhe: “Ela dará à luz um filho e tu o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1,21). Fomos todos salvos pelo sangue de Cristo.
“A vida de São José é a concretização de um caminho de santidade. Esta é sempre o resultado da colaboração entre a graça de Deus e a adesão livre e responsável do ser humano. Ser santo é permitir que Deus realize em nós a obra da salvação, fazendo frutificar plenamente a graça do nosso batismo.
A maturidade espiritual de José, o carpinteiro de Nazaré, o pai adotivo de Jesus, o zeloso guardião da Sagrada Família muito nos inspira a acolher a vocação à santidade, como “medida alta da vida cristã” (conforme disse São João Paulo II), animando-nos a não nos resignar com uma vida medíocre, superficial e inconsistente (o que é o contrário da santidade) ”.
O que são José nos ensina?
São José nos ensina que a santidade é a adesão alegre e generosa à vontade de Deus, a realização do projeto dele na vida. Em sua caminhada de fé, São José descobriu que a felicidade está em reconhecer que Deus tem direito sobre a nossa vida. Deus não pode ser considerado um intruso indesejado, uma visita inoportuna, um hóspede inconveniente. Ele não invade nossa privacidade, mas nos enriquece com sua presença e sua proposta e nos dá uma graça que enche de alegria a nossa existência. Alguém já disse que “ser santo é ser todo de Deus para os outros e ser todo dos outros para Deus”. Nosso vínculo com Deus quanto mais forte e estreito for mais nos tornará disponíveis e atentos às necessidades do próximo. O primado de Deus na vida leva-nos ao compromisso efetivo com a prática do bem e o serviço da caridade. “Deixa que tudo esteja aberto a Deus, escolhe Deus sem cessar” (Papa Francisco). São José, rogai por nós!
São José, o operário de Nazaré
São José é o zeloso guardião da Família de Nazaré. É o homem de maior autoridade naquele momento, sem ficar se vangloriando. É o homem do silêncio, mas não um silêncio qualquer. É um silêncio operante que “aponta para a necessidade do discernimento espiritual, ensina-nos a postura madura de uma docilidade que nasce da fé. Ele escolhe deixar-se conduzir para onde Deus quiser, mesmo que sejam caminhos na contramão de seus esquemas e projetos. É a postura da verdadeira obediência da fé”. Sem dúvidas, uma grande inspiração para nós.
Homem que, conforme a própria Sagrada Escritura afirma, é justo (Cf. Mt 1,19). Em tudo procurou se ajustar ao projeto divino, sintonizando a sua vida à vida de Deus. Homem que fez de tudo para dar ao Cristo as condições para nos salvar. Por isso, tem papel relevante na história da Salvação. Ele foi o trabalhador que ensinou um ofício ao seu Filho. Com certeza, Jesus o tributava grande respeito e dignidade. E mais do que isso! Certamente, não lhe negou o céu e hoje, do céu, este homem olha por nós e intercede por cada uma de nossas famílias neste tempo difícil, pois “além de encarnar diante de Deus e da Igreja a dignidade do trabalho manual, também [é] o providente guardião de vocês e suas famílias” (Papa Pio XII).
A imagem de São José nos revela uma teologia da mais fina profundidade e teor salvífico. Como pai adotivo de Jesus, não o prendeu para si, mas o segura-oferecendo o maior e mais esplendido tesouro que o ser humano pode ter: Jesus Cristo, o Verbo eterno de Deus. Contemplando a imagem de São José, percebemos que ele só tem olhos para Jesus, mas não um olhar de possessão ou egoísmo, mas um olhar que ama e que parece dizer a cada um de nós “eis o Salvador do mundo, eis a vossa Salvação”.
São José descobriu que o amor não é inativo, mas atuante, por isso é para cada trabalhador o modelo de amor que fecunda a conduta e a vontade de se doar ao Cristo se doando aos irmãos por meio do nosso ofício. Assim, ao perguntar sobre a nossa vocação a melhor pergunta não é “o que eu devo ser, mas para quem eu sou” (Papa Francisco). É modelo também para todos os que esperam trabalho, pois, com sua humildade, ensina que murmurar não traz vida, mas todos que confiam na graça de Deus tem seus sonhos realizados.
Encerro como uma oração do servidor dos servidores, Papa Francisco, acerca de São José: “Eu hoje quero lhe pedir que dê a todos nós a capacidade de sonhar, porque quando sonhamos coisas grandes, coisas bonitas, nos aproximamos do sonho de Deus, das coisas que Deus sonha para nós. Que aos jovens dê, porque ele era jovem, a capacidade de sonhar, de arriscar e assumir as tarefas difíceis que viram nos sonhos. E dê a todos nós a fidelidade que geralmente cresce num comportamento justo, e ele era justo, cresce no silêncio, em poucas palavras, e cresce na ternura que é capaz de proteger as próprias fraquezas e as dos outros”. São José santíssimo, operário de Nazaré, rogai por nós!
Bibliografia
Homilia proferida por Mons. Celso Murilo de Souza Reis na Festa de São José do Seminário de Mariana. 01 de maio de 2018.