SEREIS MEUS DISCÍPULOS, SE VOS AMARDES UNS AOS OUTROS

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Amar, como ensina Jesus, é o sinal distintivo de seus amigos, a
característica dos cristãos (Jo 13,31-38). O Mestre divino passa da
questão do fim de sua presença visível nesta terra ao mandamento novo
do amor fraterno. É que Ele glorificado não estaria mais, de fato,
presente visivelmente entre seus discípulos, mas estaria presente de
outra maneira, quando seus seguidores mostrassem um grande amor entre
si. Estes versículos do Evangelho de São João constituem o Início do
testamento espiritual de Jesus na tarde da Quinta Feira Santa. Judas
acabara de sair entrando na noite da traição, da tristeza, e era o
momento oportuno para Jesus falar de coração aberto. Explica então a
seus discípulos fiéis que o Pai o iria glorificar e que esta
glorificação incluiria seu retorno para junto dele e, portanto, breve
iria se dar sua partida. Entretanto, Ele nos deixa como garantia de
sua amizade um mandamento novo. Um liame visível iria ficar entre Ele
e seus seguidores: “Eu vos dou um mandamento novo: amai-vos uns aos
outros”. Uma questão então se apresenta, ou seja, em que sentido este
preceito era novo? Já no Livro do Levítico Deus ordenara: ”Tu amarás
o teu próximo como a ti mesmo” (Lev 19,18). Onde está então a
novidade? É que o mandamento de Jesus era novo porque ele está ligado
à nova aliança. Na Bíblia quem fala em mandamento está pensando em
aliança, ou seja, em reciprocidade entre Deus e seu povo. Assim do
mesmo modo que os dez mandamentos de Deus eram o sinal de uma
primeira aliança no Sinai, o mandamento novo era a versão nova e
definitiva que Jesus selaria justamente pela sua morte e sua
glorificação. Além disto, o mandamento de Jesus era novo porque o
modelo de nosso amor seria o amor dele para conosco: ”Como eu vos
amei vós deveis vos amar também uns aos outros”. Como Jesus nos amou o
Evangelho de São João responde em três afirmações. Jesus amou seus
discípulos porque “o Pai os tinha dado a Ele:”, “eles eram teus e tu
os deste a mim”, “tu os amastes como tu me amastes” ( 17,6.9.23).
Jesus amou até o fim cada um dos seus que estavam no mundo, até o
limite da compreensão, da compaixão e da paciência, até o extremo da
humildade e do serviço, pois se ajoelhou diante deles para lhes lavar
os pés, Ele o Mestres e o Senhor. Enfim, Jesus, pastor, deu a vida
pelos seu rebanho, para que suas ovelhas tivessem a vida em abundância
e cada um de nós pudesse fazer sua a convicção que tocava
profundamente o Apóstolo Paulo: “Ele me amou e se entregou por mim”!
Amar como Jesus amou é amar os outros, o irmão, a irmã, o esposo, a
esposa ou o filho, como o presente que Deus nos fez e faz todos os
dias como aquele ou aquela que o Pai mesmo nos deu para amar. De nossa
parte, amar até o extremo do serviço, do perdão e da esperança, não
para anexar o outro ao nosso projeto, aos nossos desígnios, à nossa
felicidade, não simplesmente para retribuir o amor ou a amizade que
recebemos dos outros, mas acolhendo o outro em suas misérias, suas
fraquezas, suas impertinências. Tudo isto no devotamento, na
fidelidade, na gratuidade dada aos outros. Seria amar com um amor
realista que sabe lavar os pés do próximo e se entregar a seu serviço
a cada instante. Como concluem muitos teólogos, Deus manifestou de uma
maneira nova seu amor para com os homens na paixão glorificante de
Jesus, porque Deus inaugurou na nova aliança uma intimidade nova com
os homens e estes deviam inaugurar entre eles uma atitude fraternal de
um tipo novo e aí está o mandamento de Jesus. Portanto, a crucifixão
de Jesus anunciada foi o acontecimento decisivo da glorificação do Pai
e do Filho. Assim a morte não seria mais um lugar de silencio, mas
sinal da revelação de Deus Pai, uma maravilhosa mensagem de vida. A
crucifixão de Jesus seria assim um acontecimento produtivo porque ela
marcaria a ida do Filho para junto do Pai. Isto significa que a morte
de Jesus não seria uma ruptura com relação ao Pai, mas, pelo
contrário, nela se reforça a comunhão com o Pai, e assim com todos
aqueles que cressem. A morte de Jesus seria, deste modo, a expressão
de seu amor para com os seus discípulos. Este amor é a força que
permite a seus seguidores não se fecharem em um passado tenebroso, mas
se abrirem a um futuro percebido como o espaço de sua fidelidade na
sua comunidade e no mundo. Tudo isto firmando a fraternidade entre
os seguidores do Mestre divino na real vivência do mandamento novo.

Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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