Neste ano, somos chamados a refletir sobre o Tema: “Fraternidade e Superação da Violência”, tendo como lema: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8). Fraternidade e violência: estas duas palavras são o diapasão das reflexões quaresmais que iluminam este tema tão urgente em nossos dias. A violência está presente em vários segmentos da sociedade. Seja na rua, dentro de casa, pela condição social, nos meios de comunicação e até na intolerância das palavras. Toda violência exclui, toda violência mata. Muito mais do que fazer um relato alarmante dos casos de violência, pois isto já nos incomoda sofregamente, o que se pretende é discutir caminhos para superar esta realidade, construindo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus.
Foi na Arquidiocese de Natal, Rio Grande do Norte, que teve origem a Campanha da Fraternidade (CF). Uma iniciativa inspirada na “Miserior”, atividade desenvolvida na Alemanha. A história da fundação da CF teve início em 1962, quando três Padres responsáveis pela Cáritas brasileira idealizaram uma campanha para arrecadar fundos para as atividades assistenciais e promocionais da instituição, e torná-la autônoma financeiramente.
O que se pretendeu, desde o início, além da arrecadação de recursos materiais para socorrer necessidades concretas, é a efetiva participação na transformação social. Já no ano seguinte, a CF alcançou âmbito nacional. Sua influência ultrapassou os ambientes eclesiais. Em toda sua história, a CF continua sendo uma das maiores propostas de evangelização da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, ajudando na vivência da quaresma, convergindo orações e reflexões em gestos concretos de conversão e transformação da realidade, visando ao espírito da Páscoa Cristã.
A CF nasceu e cresceu sob o impulso renovador do espírito do Concílio Ecumênico Vaticano II. Quem não se lembra do “Pacto das Catacumbas” celebrado numa Missa em que os Bispos assumiram o compromisso do despojamento em sua postura de pastores? Esta conduta solidária e servidora no pensamento eclesial foi fundamental para a concepção e estruturação da CF. Isto se deu, em especial, ao longo de quatro anos, durante as Sessões do Concílio, onde houve diversos momentos de reunião, estudo, troca de experiências.
É nossa tarefa cristã nos conscientizarmos acerca deste tema fundamental, inserido no contexto dos direitos inalienáveis da pessoa humana: a vida é sempre preciosa e inviolável. A cultura da paz precisa contar com políticas públicas capazes de corrigir a desigualdade social e promover a SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA.
Padre Paulo Dionê Quintão – Pároco