Um Senhor Fiel Cristão Leigo

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Quando chegamos para as missões, lá estava ele. Já o conhecia. Mesmo assim, fiquei impressionado ao revê-lo. Gestos calmos. Estatura baixa, seu corpo magro sustentava um olhar brilhante e rosto sereno. Um grande líder. Carinhoso com as crianças e sabia cativá-las. Jovens, adultos e idosos, todos prestavam atenção à vida daquele pastor simples e humilde que Deus colocou à frente e, ao mesmo tempo, junto com eles no caminho do Reino. Éramos seminaristas. Tivemos ali dias de convivência que nunca mais se apagarão de nossas vidas. Visitamos as famílias, celebramos com a comunidade… Uma grande festa! Conosco estava ele: JOAQUIM SOARES DA COSTA, o “Sr. Joaquim Ludgério”.

Naqueles dias ficamos sabendo que todas as pessoas daquela região tinham o maior carinho com o seu primeiro Catequista. Seus conhecimentos e vivência cristã davam o testemunho de um depositário da fé católica junto ao seu povo. Cultivava tudo isto numa pedagogia de quem sabe esperar os passos dos que estavam começando o caminho.




 

Muitas coisas eram impressionantes naquele homem de Deus. Entre as imagens que dele conservo e gosto de recordar no filme de minha imaginação, congelei aquela das repetidas vezes em que envolvido num silêncio, parecia beber tudo o que o seu interlocutor estivesse falando com ele. Poderia ser quem fosse: uma só e bela atitude de escuta inteligente.

Nascido no município de Teixeiras, MG, aos 26 de junho de 1917, transferindo-se para o bairro rural dos “Limas”, Paróquia Sant’Ana de Abre Campo, MG, ele não apenas orientou inúmeros encontros de catequese com as crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, mas sua própria vida tornou-se um patrimônio de fé: uma vida catequizadora. Octogenário, nunca se curvou diante da enfermidade. Enfrentou com tenacidade os desafios da respiração… Já estava acostumado a trazer no seu peito as lutas e dores não só de sua família, à qual se dedicou de maneira exemplar, mas de todo o povo.

Fiel às suas origens, fez resplandecer os fulgores da cultura da raça negra nas incansáveis CONGADAS pelas ruas, praças e estradas desta história. Sua liderança veio garantindo o resgate do folclore na consciência popular. Simão, um de seus filhos, comentava comigo, ao telefone, o que seu velho pai lhe dizia: “É meu filho, às vezes eu dou um passo pra lá e outro pra cá, procurando acertar o que Nosso Senhor espera que eu entregue para Ele lá na mansão celeste”.

Homem do povo, Homem de Deus! Acostumado às lutas. Nasceu pobre, viveu rico da graça celestial e morreu milionário ao herdar o Reino Definitivo. Partiu no mês do Rosário, das Congadas e dos missionários. Foi celebrar o Ano Santo da Redenção – Grande Jubileu do ano 2000 – na Pátria definitiva! Pudera! Cantava com tanto entusiasmo nas “Folias de Reis”: “vinte e quatro de dezembro/ meia noite deu sinal/ que nasceu o Menino Deus/ oi, ai…” De lá, sua voz melodiosa continua guardada em nossa memória repetindo-nos a lição: “O Evangelho não pode ficar parado… recebi de Deus esta missão/ pregar o Evangelho é a minha vocação”. Neste Ano Nacional do Laicato, destacamos com alegria o testemunho de UM SENHOR FIEL CRISTÃO LEIGO!

Padre Paulo Dionê Quintão – Pároco

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