Vale a pena votar?
Mais uma eleição municipal e essa é muito especial nos mais de 5.000 municípios brasileiros. Não se pode contar com colaboração empresarial, o que é muito bom, porque não devem ser as empresas que ditam as normas para “seus representantes”. No Brasil, grande parte do congresso é eleita com dinheiro advindo das empresas. São elas que mandam. Sendo assim, elas sempre serão beneficiadas nas questões legislativas de mineração, agropecuária, meio ambiente, tecnologicamente e tudo o que tem a ver com interesses dos grupos econômicos, sejam eles de quaisquer estirpes sociais e até “religiosas”.
Também temos como representantes, no nível nacional, os que defendem as bancadas do boi, da bala e da bíblia (coloquei bíblia minúscula para não macular a Palavra de Deus). Essas bancadas têm forte presença no cenário brasileiro devido às influências e poder econômico com que colocam seus representantes na Câmara Federal e no Senado. Se alguém duvida, é só pesquisar. Os agropecuários do agronegócio, os latifundiários com altos negócios e os que se servem da Palavra de Deus, de maneira dúbia, movimentam-se para colocar seus “dignos” políticos lá dentro do poder para visar aos interesses dos grupos em tese.
E nas cidades, como acontece? Os pobres têm condição de disputar uma campanha democrática? Dificilmente um pobre consegue ser eleito em nossos municípios porque não dispõe das condições de campanhas para ser visibilizado pelos eleitores. A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) escreveu a cartilha de orientação eleitoral, lembrando dos deveres e direitos cidadãos. Não se pode comprar nem vender voto, porque o voto não tem preço; ele tem consequência para a vida do povo, para a comunidade e para o futuro da sociedade. Infelizmente, a gente ouve por aí que ainda existe a prática ilícita e criminosa da compra do voto. Isso mata a cidadania que exige consciência e responsabilidade de todos no exercício da política como arte do bem comum e do bem viver. É que preciso que se denuncie toda prática aviltante que deturpa o sentido ético da Política.
Apesar de tudo, vale a pena votar, porque é um dever ético, social, cristão e responsável de quem compreende o valor da representação política em favor da vida. Anular, votar em branco ou não votar significa a ausência e o descompromisso com o bem comum e com a democracia. Nossa democracia é recente historicamente falando e espera que todos colaboremos com a construção da sociedade digna e solidária. Nossas cidades necessitam de políticos ( e todos o somos) que trabalhem em função das políticas públicas da educação, saúde, transporte, meio ambiente e tudo o que faz parte da vida do povo. Quem é eleito deve passar pelo curso da ética, da transparência e do bem comum. E todos os eleitores devem acompanhar os eleitos em suas respectivas atividades. Votar e ser votado ainda continua sendo um belo exercício de cidadania. Que os eleitores e eleitores vivam a Política do bem para todos.
Padre Paulo Barbosa