O Papa Leão XIII proclamou Santa Rita de Cássia como ‘a
pérola preciosa da Úmbria’. Sua mística e tão querida figura vem sendo
exaltada por toda parte desde sua morte aos 76 anos de idade e 40 de
vida religiosa no Convento das Agostinianas, dia 22 de maio de 1457.
Deixou este mundo está santa admirável depois de ter recebido com
muita piedade os últimos sacramentos. Peregrinos acorrem em multidão
dos mais longínquos lugares até Cássia, colocando flores de piedade e
de veneração sobra a sua Tumba, em recordação dos exemplos das suas
altas virtudes.
A humilde agostiniana de Roccaporena é uma das glorias da fecunda
terra da Úmbria Cristã. O itinerário terreno da Santa de Cássia se
manifesta em diversos períodos de sua existência, cronologicamente
sucessivos e dispostos em ordem ascendente, que mostra as diferentes
fases de desenvolvimento da sua vida de união com Deus.
Uma questão se pode levantar: “Porque Rita é santa”? Ela é santa não
tanto pela fama dos prodígios que a devoção popular atribui à eficácia
da sua intercessão junto a Deus onipotente, mas pela estupefaciente
‘normalidade’ da existência cotidiana, vivida antes como esposa e mãe,
depois como viúva e enfim como monja agostiniana.
Era uma jovem simples, que no calor do ambiente familiar tinha
adquirido o hábito de uma profunda piedade para com o Criador e isto
se deve também ao fato dela ter crescido numa das regiões mais belas
da Europa, cercada de belas montanhas e com uma vegetação exuberante.
A sua vida era tranquila e sem notoriedade, quando, contra as suas
pessoais preferências, abraçou o casamento. Assim ficou esposa,
revelando-se como um verdadeiro anjo no ambiente matrimonial e
conseguindo com ações resolutivas a transformar os maus hábitos do
marido. Foi também mãe e contente pelo nascimento dos dois filhos,
pelos quais, depois do assassinato do marido, tanto sofreu, no temor
que nas almas dos seus filhos aparecesse a sombra de um desejo de
vingança contra os assassinos do pai. Da sua parte, os tinha
generosamente perdoado, determinando também a pacificação das
famílias.
Já viúva, ficou logo depois privada dos filhos e sendo livre de
qualquer vínculo terreno, decidiu de dar-se toda a Deus. Mas também
sofreu provas e contradições, até que pode realizar o seu sonho
juvenil, consagrando-se ao Senhor no Mosteiro de Santa Maria Madalena.
A humilde existência, que aí passou aproximadamente por 40 anos, foi
desconhecida aos olhos do mundo e apreciada somente Deus com quem
vivia intimamente unida. Foram aqueles anos de assídua contemplação,
anos de penitência e de orações, que chegaram ao clímax quando aquela
chaga se estampou dolorida sobre a sua testa. Este sinal do espinho,
apesar da dor física que lhe causava, foi como um sinal dos seus
sofrimentos interiores, mas foi sobretudo a prova da sua direta
participação à Paixão de Cristo, no meio, por assim dizer, de um
momento dramático, como foi aquele da coroação de espinhos no pretório
de Pilatos. Aí se deu a manifestação de sua mística adesão ao
sofrimento, tão grande que determinou um sinal somático externo. Isto
explica ao mesmo tempo porque a sua doce figura exerce tanta atração
entre os fiéis, que celebram o seu nome e aclamam os poderes junto do
trono de Deus.
Verdadeiramente Rita é ao mesmo tempo a ‘mulher forte’ e a ‘virgem de
grande sabedoria’ das quais nos fala a Sagrada Escritura, que em todos
os estados de vida indica qual seja a estrada autentica para a
santidade, no seguimento fiel a Cristo até a cruz. Por todos os seus
devotos, espalhados por todo o mundo, é exaltada numa apoteótica
demonstração de seu valimento para se alcançar as maiores graças e são
tão numerosas que a piedade cristã a denominou a “Santa das causas
impossíveis!
Professor no Seminário de Mariana de 1967 a 2008.–